A Sra. McBride notava a forma estranha como Rosie olhava para a porta. Tinha o olhar amedrontado como o de uma criança que temia ao bicho-papão.
— Coma a comida, menina. Quando ficar fria, não ficará boa de comer.
— Desculpe, Sra. McBride — espetou a vagem cozida e comeu sem tirar os olhos da porta.
— Por que ficastes tão nervosa quando fui falar contigo, Rosie?
— Ah, Sra. McBride, não quero preocupá-la. Nada aconteceu. Lhe garanto.
Mas não era verdade. Ela muito queria confessar que um homem maluco a abordou na porta da igreja e chamou-a de Vennia. Por fim, relaxou os ombros, assim que terminou o jantar, e sorriu para o Sr. a Sra. McBride. Adorava estar com eles, pois os adotara como se fossem sua família. O que ela temia? Estava em casa, em segurança, e com um pouco sorte, não veria mais aquele homem que tanto lhe causava calafrios.
Mal terminou de resguardar-se em seus pensamentos positivos, que batidas foram ouvidas na porta. Nunca recebiam visitas tão tarde, e logo Rosie retornou a ficar temerosa.
— Deve ser algum membro da igreja — o Sr. McBride dissera. — Querida, pode atender para mim?
A Sra. McBride assentiu, indo atender a porta. Antes mesmo da porta ser aberta, Rosie sabia que o visitante seria alguém indesejado, e soube, ali mesmo da cozinha, quando escutou a voz dele soando da sala.
— Boa noite — dissera o rapaz.
A Sra. McBride ergueu a sobrancelha, examinando o rapaz a sua frente. Cabelos prateados, olhos de cores distintas, vestes finas e uma elegante cartola sobre a cabeça. Ele, certamente, não era daquelas bandas. Pensou, por um momento, se ele não era um lorde que infortunadamente bateu na porta da casa errada.
— Boa noite — a Sra. McBride o recepcionou, muito afável.
— Estava interrompendo algo?
— Oh, não. Estávamos jantando.
— Então, serei breve. Existe uma jovem moça nesta casa que captou a minha atenção. Tem longos cabelos escuros e trajava um vestido em muitas saias na cor rosa.
— Rosie? Conheces a nossa Rosie? — a Sra. McBride pegou-se um tanto surpresa.
Victor abriu um sorriso torto.
— Digamos que ela e eu tivemos um passado.
— Querido, tem um cavalheiro na porta que quer falar com Rosie — a Sra. McBride pôs a mão sobre o peito, nesse instante, seu marido apareceu.
— O que deseja, meu jovem? — o Sr. McBride intercedeu.
— Quero falar a respeito daquela a quem chamam de Rosie — Victor ajeitou a cartola sobre a cabeça. — Oh, onde estão meus modos?! Chamo-me Victor Valentine. — apresentou-se, curvando um pouco o corpo para a frente.
— Valentine? Oh, céus. — ele reconheceu o sobrenome. — É ele, querida, quem reformou o orfanato, a igreja, e quem faz todas aquelas maravilhosas obras de caridade. Entre, Sr. Valentine. Não pegues o sereno da noite. — o Sr. McBride abriu a porta por completo.
Rosie estava parada no corredor. Olhava assustada para Victor. Fechou os punhos, tentando conter as tremedeiras nas mãos. Que tipo de chantagem havia dito ao Sr. e a Sra. McBride para que houvesse adentrado a casa com tanta facilidade?
— Rosie, prepare um prato para o Sr. Victor — a Sra. McBride parecia agitada.
— Não há necessidade. Não tenho fome — Victor acenou com a mão. — Mas, hei de querer um pouco de água.
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VENNIA
Historical Fiction❣ Livro vencedor do Wattys2020 na categoria Ficção Histórica. "Nunca confie em um Valentine", esta era a sentença que Vennia Lionheart ouvira durante toda a sua infância. Sua vida aparentava estar ligada por laços inquebráveis com a famigerada fam...