Capítulo 51

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A Sra. McBride notava a forma estranha como Rosie olhava para a porta. Tinha o olhar amedrontado como o de uma criança que temia ao bicho-papão.

— Coma a comida, menina. Quando ficar fria, não ficará boa de comer.

— Desculpe, Sra. McBride — espetou a vagem cozida e comeu sem tirar os olhos da porta.

— Por que ficastes tão nervosa quando fui falar contigo, Rosie? 

— Ah, Sra. McBride, não quero preocupá-la. Nada aconteceu. Lhe garanto.

Mas não era verdade. Ela muito queria confessar que um homem maluco a abordou na porta da igreja e chamou-a de Vennia. Por fim, relaxou os ombros, assim que terminou o jantar, e sorriu para o Sr. a Sra. McBride. Adorava estar com eles, pois os adotara como se fossem sua família. O que ela temia? Estava em casa, em segurança, e com um pouco sorte, não veria mais aquele homem que tanto lhe causava calafrios.

Mal terminou de resguardar-se em seus pensamentos positivos, que batidas foram ouvidas na porta. Nunca recebiam visitas tão tarde, e logo Rosie retornou a ficar temerosa.

— Deve ser algum membro da igreja — o Sr. McBride dissera. — Querida, pode atender para mim?

A Sra. McBride assentiu, indo atender a porta. Antes mesmo da porta ser aberta, Rosie sabia que o visitante seria alguém indesejado, e soube, ali mesmo da cozinha, quando escutou a voz dele soando da sala.

— Boa noite — dissera o rapaz.

A Sra. McBride ergueu a sobrancelha, examinando o rapaz a sua frente. Cabelos prateados, olhos de cores distintas, vestes finas e uma elegante cartola sobre a cabeça. Ele, certamente, não era daquelas bandas. Pensou, por um momento, se ele não era um lorde que infortunadamente bateu na porta da casa errada.

— Boa noite — a Sra. McBride o recepcionou, muito afável.

— Estava interrompendo algo?

— Oh, não. Estávamos jantando.

— Então, serei breve. Existe uma jovem moça nesta casa que captou a minha atenção. Tem longos cabelos escuros e trajava um vestido em muitas saias na cor rosa.

— Rosie? Conheces a nossa Rosie? — a Sra. McBride pegou-se um tanto surpresa.

Victor abriu um sorriso torto.

— Digamos que ela e eu tivemos um passado.

— Querido, tem um cavalheiro na porta que quer falar com Rosie — a Sra. McBride pôs a mão sobre o peito, nesse instante, seu marido apareceu.

— O que deseja, meu jovem? — o Sr. McBride intercedeu.

— Quero falar a respeito daquela a quem chamam de Rosie — Victor ajeitou a cartola sobre a cabeça. — Oh, onde estão meus modos?! Chamo-me Victor Valentine. — apresentou-se, curvando um pouco o corpo para a frente.

— Valentine? Oh, céus. — ele reconheceu o sobrenome. — É ele, querida, quem reformou o orfanato, a igreja, e quem faz todas aquelas maravilhosas obras de caridade. Entre, Sr. Valentine. Não pegues o sereno da noite. — o Sr. McBride abriu a porta por completo.

Rosie estava parada no corredor. Olhava assustada para Victor. Fechou os punhos, tentando conter as tremedeiras nas mãos. Que tipo de chantagem havia dito ao Sr. e a Sra. McBride para que houvesse adentrado a casa com tanta facilidade?

— Rosie, prepare um prato para o Sr. Victor — a Sra. McBride parecia agitada.

— Não há necessidade. Não tenho fome — Victor acenou com a mão. — Mas, hei de querer um pouco de água.

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