Capítulo 11

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Com o acúmulo de dívidas e a tosse persistente de sua avó que custava em passar, Vennia descobriu que Hope adquiriu dinheiro emprestado do Sr. Crawford, porém não tinha condições de pagá-lo. Sobrecarregada pela responsabilidade que lhe fora imposta, Vennia viu que haveria que desfazer-se de seus únicos animais, um asno chamado Gengibre e uma vaca que carinhosamente chamava de Mimosa.

Tomou-os, despediu-se da avó, e partiu para a casa dos Crawford, acompanhada de uma aborrecida Miriam.

— Escute, irmã, por que eu tenho que ir contigo para a casa deste tal Sr. Crawford?

 Porque, minha cara Miriam, sinto que passas muito tempo a suspirares de amores pelo Sr. Brandon, e pouco tempo focada na realidade. — puxava Gengibre e Mimosa, que de quando em vez, atolavam na lama.

— Tudo bem que devo sair mais vezes de casa, mas qual a necessidade em levarmos esta vaca e o asno também?

— É uma longa história. Nossa avó esteve doente e precisou de muito dinheiro para comprar os devidos medicamentos, e agora, devo ao menos pagar metade desta dívida ao bom senhor Crawford.

— Crawford? Ele não seria parente de Edward, seria?

— É o pai dele.

Miriam bufou, extremamente descontente. 

— Creio que pretendes estragar o meu único par bom de botas, Venni, nesta jornada nada amena. Já pisei em tantas poças de lama que perdi as contas. 

Vennia bateu na porta do Sr. Crawford. Olhou para a lua cheia embaçada no céu nublado. Ansiou para que o homem logo atendesse a porta, pois temia que morreria congelada. Nem mesmo suas grossas luvas de lã conseguiam apartar o frio. Assim que aberta fora a porta, Vennia forçou um sorriso. Do seu lado, Miriam revirava os olhos, aborrecida por ter sido arrastada para aquele lugar, e por ter sujado seu par de botas que tanto apreciava.

— Srta. Vennia, — anunciou o homem idoso. — que ventos a trazem aqui? 

— Boa noite, Sr. Crawford, e desculpe incomodá-lo. Vim tratar de um assunto a respeito de minha avó.

— Céus, ela piorou da saúde?

— Não, graças a Deus, ela continua bem. Acontece que ela muito se chateia por não poder pagar a parte que o senhor lhe emprestou há tempos. Como bem sabe, minha avó não é o tipo de pessoa que gosta de acomodar-se com a gratidão alheia. Ela incomoda-se por ainda devê-lo. Por isso, vim deixar esta vaquinha e este pequeno asno para o senhor. Os chamo de Gengibre e Mimosa.

— Cara Vennia, não precisava fazer isto. Sobre o dinheiro que emprestei a ela, fiz isto de coração. Para ser sincero, até mesmo esqueci-me que eu havia feito tal coisa. — sorriu, amável.

— Sr. Crawford, por favor, aceite-os. Não é muito que temos, mas é uma forma de presenteá-lo por ser tão gentil. Mimosa é a melhor vaca que existe, e garanto que seu leite e queijo são bons. E Gengibre pode ajudá-lo a arar a terra.

— Presente aceito. — recebeu a corda que estava atada à vaca e ao asno. — Enquanto isso, não gostariam de entrar e tomarem uma caneca de chá? Vieram de tão longe, devem estar cansadas, principalmente Miriam. — reparava na mocinha de semblante azedo.

Entraram na casa do Sr. Crawford e sentaram-se frente a mesa de madeira de tampo redondo.  Vennia retirou o lenço de sua cabeça, o que fora uma má ideia, pois o seu cabelo estava uma verdadeira bagunça, eriçado por todas as direções. Agradeceu pela lareira estar acessa e finalmente poder aquecer-se. Agradou-se demasiado com a simplicidade daquela residência e apreciou o vaso com amor-perfeito sobre a mesa. Contudo, se Vennia estava a gostar do ambiente da casa dos Crawford, sua irmã detestara. Miriam todo o tempo olhava com certo desdém para a mobília da casa, ou para o carpete, ou para a própria família Crawford, pois julgava-os medíocres. Ver sua irmã com tal postura deixava Vennia aborrecida.

VENNIAOnde histórias criam vida. Descubra agora