Capítulo 16

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— Queira desculpar-me, Sr. Victor, mas creio que eu não tenha ouvido direito o que dissestes a mim. Devo estar ficando surda, ou talvez eu esteja ouvindo alucinações e imaginando coisas que não devia.

— Não está imaginando coisas, senhorita. Disto eu não tenho dúvida.

— Então, o dissestes mesmo? Dissestes isto que estou a imaginar?

— Case-se comigo — repetiu Victor, trajado na mais pura arrogância.

— O quê? — Vennia sentiu vontade de jogar-se da carruagem em movimento. — Falas a sério?

— Falo muito a sério.

— Casar-me contigo? — tais palavras eram como pedras na boca de Vennia.

— Ora, não penses que casarei com vossa pessoa por sentir amor ou qualquer outra emoção inválida. Não sou piegas.

— E por que essa insistência então?! Por que casar comigo? Justo comigo?!

— Só estou inclinado a ter minha herança. Escute-me, senhorita — Victor respirou profundamente —, meu primo e eu nascemos no mesmo dia, com alguns segundos de diferença. Sempre estivemos competindo de maneira inconsciente. Porém, Brandon sempre se sobressaiu melhor em tudo, pois o meu avô mimou-o ao limite, instigando-o a pensar que o mundo era dele. A mãe de Brandon me odeia, e só estimula que o meu primo alimente rancores por mim, não muito diferente do que sinto por eles. O que quero dizer é, Diana quer se apossar da fortuna dos Valentines, e para isso usará o filho. Brandon nunca teve uma noiva fixa, pois é um crápula. Mas tudo isso mudou quando ele engravidou essa garota que você afirma ser a vossa irmã. Depois do espetáculo que destes na frente de meus estúpidos parentes, Diana moverá pedras e montanhas para que meu primo case em secreto com aquela infortunada menina. Sendo assim, ao casar, aquele miserável terá direito à herança que deve pertencer a mim. E é aí que você entra.

Vennia não conseguia respirar direito. Victor não era apenas um homem frio. Era calculista e manipulava os sentimentos alheios como se houvessem cordas invisíveis em seus dedos.

— Jamais me casaria com um Valentine. Sua família provou ser desprezível e trapaceira.

— Disto não posso discordar, Srta. Vennia.

— Mas por quê eu? Sou só uma simples moça do campo. Não entendo essas estratégias complicadas e nem mesmo sei fingir tão teatralmente os meus sentimentos.

— E é por isso que tem de ser você. Você é espontânea, e talvez tenha sido a segunda pessoa que enfrentou os Valentines como se deve. Subestimou as víboras.

— Víboras?

— Refiro-me a Kairus, Diana e Heron.

— E quem foi a primeira pessoa que enfrentou os Valentines?

— Minha mãe — Victor dissera cabisbaixo.

Vennia silenciou-se por um instante. Era conspícuo a dor no semblante de Victor.

— Eu sempre achei que pedidos de casamentos deveriam ser românticos, e deveríamos casar apenas com as pessoas que amamos. 

— Enxerga casamentos desta forma? — Victor enterrou os dedos finos no cabelo, alheio à opinião de Vennia. — Vejo casamentos como alianças lucrativas, firmamento de negócios, nada além disso.

— Passaria a vida inteira casado com alguém que não ama, somente para atingir as pessoas que detesta? Seria infeliz você e o seu cônjuge. Pelo visto, vejo que o senhor abriria mão de sua felicidade matrimonial por uma tola vingança.

VENNIAOnde histórias criam vida. Descubra agora