Capítulo 33

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Vennia estava fervendo em ira. Almejava tirar satisfações com o pavão convencido que era Brandon. Andou a duros passos até a estrebaria, no momento em que Brandon preparava o cavalo para partir. Ficou na frente do animal, impedindo-o de seguir adiante. O rapaz muito irritou-se com o gesto repentino da cunhada. Desceu do cavalo e encarou-a mortalmente.

— O que pensas que estás fazendo? Dessa maneira, irá atrapalhar a minha partida. Saia de minha frente, tenho de ir embora.

— Não vai partir sem que escute tudo o que tenho a dizer ao teu respeito. Isto está engasgado em minha garganta, como um danoso veneno, e necessito pôr tudo para fora. Tenho aguentado vossas péssimas maneiras há tempos, e dito a mim mesma para não me importar com a tua arrogância, mas agora isto é demais. Passastes de todos os limites quando causastes a Miriam lágrimas de irreparável tristeza.

— Estou farto desta falação. Deixe-me partir.

— Ainda não terminei de falar, estou deveras irritada e não irei levar em consideração se estou a ser rude ou não. Como ousa tratar Miriam de maneira tão ríspida? — Vennia segurou no cabresto do cavalo, impedindo-o de partir.

— O que tens a ver com isto? Meus assuntos a respeito de tua irmã em nada lhe interessam. Ela é a minha esposa e não dei autoridade alguma para que se intrometas aonde não és chamada.

— Como ousa falar desta maneira comigo?! Não permito este tipo de atitude, Sr. Brandon. Miriam é minha irmã, e irei defendê-la enquanto eu ainda respirar. Sei bem que está traindo a minha irmã com outras mulheres.

— Traindo-a? Miriam tem um talento nato para fazer-se de vítima. Achas mesmo que estou a traía-la?

— Até mesmo se houvesse espinhos sobre os meus olhos eu poderia notar nitidamente. Colocas a desculpa de que está em um regimento distante, mas sempre que retornas à mansão, tratas Miriam como se ela fosse um pano de trapo. Não te envergonhas por ser um homem casado e ainda assim agir com péssima conduta? Será pai em breve, deverias sentir vergonha de ti mesmo por agir de maneira tão inescrupulosa.

— Achas que podes vomitar toda essa moralidade para cima de mim? Pensas que irei inclinar-me para teus sermões? Verdade que sou casado e logo terei um rebento, mas nada disso rezei para que acontecesse. Este casamento me foi forçado por culpa sua. Nunca deverias ter vindo a esta mansão, contar à toda minha família sobre a gravidez de Miriam. Seu lugar era naquele calabouço, levando consigo esse segredo. Aliás, por que não ficastes naquele calabouço?

— Não havia transgressão sobre mim, por isso fui solta. Mas não estamos falando a respeito de meus ganidos, mas sim, das queixas de Miriam ao teu respeito. Por que não podes agir com boa conduta? Acaso não amas a minha irmã?

— Achas que casei-me por amor? Verdade que meus sentimentos por Miriam são confusos, porém, apenas concordei com esta tramoia porque o meu avô muito aborreceu-me para que eu assumisse aquela criança no ventre de Miriam, porque temia que ela fosse vista como uma bastarda.

— Muito entristece-me conhecer teus reais pensamentos, Sr. Brandon. Homens como você nunca conhecerão o verdadeiro valor do amor, enquanto não provar a dor da perda.

Brandon soltou um risinho sarcástico, o que somente colaborou para que Vennia se irritasse mais ainda.

— Creio que eu tenha enganado no dia em que casei. Eu deveria ter me casado contigo, Srta. Vennia. Eu saberia domar bem essa língua ferina que resguarda nessa bela boca. Confesse que me admirava enquanto eu cortejava a vossa irmã.

— Acreditas piamente que eu sentia algo por ti? Algo além de repulsa por cada gesto fingido teu? Sr. Brandon, a única coisa que terá de mim é o meu desprezo. Repudio-te de corpo, alma e coração. Bem sabia que teu âmago abrigava a tua verdadeira personalidade. És isso que tu és. Um homem mesquinho, nojento, que apenas usou o coração de minha irmã, iludindo-a, prendendo-a neste infeliz casamento. E mesmo que eu nunca tenha pretendentes em minha vida, mesmo se tu fosses solteiro, nem morta eu lhe escolheria para ser o meu marido.

— Escute aqui, sua... — apontou o dedo indicador no rosto de Vennia, muito ameaçador, transbordando em fúria pelas palavras ditas por ela. — Retires cada palavra do que dissestes!

Naquele instante, por um milagre ou não, Stefan surgiu montado em um cavalo, e o mirar ao longe o modo ofensivo como Brandon agia com Vennia, elevando sua voz assemelhando-se a um vilão, muito agitou-se em seu peito para acertar um merecido soco na face do Valentine, mas controlou-se a tal ponto que todo o seu corpo tremia. Correu até os dois, apartando Brandon de Vennia, salvando-a das garras do soldado.

— Não te intrometas, senhor. — Brandon bramiu. — Esta senhorita não passa de uma cobra.

— Morda a sua língua ao referir-se dessa maneira à uma dama. Não permitirei que trate a minha tão boa amiga desta maneira tão vulgar.

— Estou indo embora. Não pretendo tê-lo como inimigo, senhor, e nem mesmo estou a fim de uma peleja desnecessária.

Brandon montou no cavalo e partiu.

— Estás bem, Venni? Aquele safardana machucou-te?

— Só foi um susto, nada demais.

— Eu estava certo, não estava? — Stefan fitava Vennia com preocupação. — Passas maus bocados nesta mansão, não és?

Vennia meneou a cabeça.

— Foi somente um mal entendido. Devo-te um par de desculpas, Stefan. Não querias que tivesse visto coisa tão nociva.

Ele sempre a salvava. Não importava o que acontecesse. Caminharam lado a lado, presos em seu próprio silêncio, até a mansão dos Valentines, e assim que detiveram-se na entrada, Stefan tratou de fazer uma pergunta para Vennia.

— Sei que parece um mal momento para pedir isto, mas irei cavalgar amanhã com Olivia, e ela insistiu para convidar-te, e eu também almejo tê-la por perto. Gostarias de ir comigo?

— Oh, seria adorável, Stefan.

Quando retornou para seus aposentos, as bochechas de Vennia doíam tanto que ela sorria consigo mesma. Aquele dia fora um misto de emoções distintas. Ficara deveras feliz com a aproximação de Stefan. Já podia sentir que estava retornando aos tempos felizes que tivera com ele. 


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