Capítulo 47

6.1K 1.3K 428
                                    

Assim que Sophie adentrou o escritório da casa de Stefan, muito apiedou-se. O rapaz jazia adormecido com a cabeça repousada sobre a mesa abarrotada de papéis. Havia trago para ele, uma cestinha repleta de petiscos, pois soubera através de Orfeu, — o irmão adotivo do moço — que Stefan estava a se alimentar mal, e poucas vezes conseguia dormir. Estava preocupado com a amiga que desapareceu há quatro anos. Enquanto todos tocavam suas vidas, Stefan era o único que entrou em uma busca ensandecida por Vennia, e Sophie temia que o rapaz perdesse a sua estabilidade mental a qualquer momento.

Durante os anos em que Vennia ficara desaparecida, Sophie e Stefan tornaram-se muito próximos, ao ponto de se importarem um com o outro. A donzela, praticamente, era considerada de casa. Ganhou o apreço dos pais e irmãos adotivos de Stefan. 

Aproximou-se do rapaz, que ainda dormia, e serenamente, cutucou seus ombros, acordando-o por fim.

— Perdoe-me por acordá-lo desta forma, Sr. Stefan. — colocou a cestinha sobre a mesa. — O Sr. Orfeu avisou-me que não come há dias, e que somente permanece trancado no escritório, a analisar esses papéis.

— Vou matar Orfeu — murmurou, enquanto coçava os olhos, despertando por completo.

— Deixe de bobagens. Agora, coma. Trouxe pães e maçãs. 

— Sinto-me bem cuidado e deveras mimado desta maneira. O que seria de mim se não fosse auxiliado por ti?

Sophie sorriu, prendendo uma mecha curta atrás da orelha. A moça mudara radicalmente, e três anos antes, cortara o cabelo bem curto, para desagrado de sua mãe. O cabelo prateado caía em cachos robustos, contornando o rosto em formato de coração. Sentou-se na cadeira, frente a mesa de Stefan, sem tirar os olhos dos diversos papéis espalhados pelo tampo de madeira.

— Alguma notícia dela? — Sophie sussurrou, controlando suas palavras. Não desejava magoar o amigo.

— Ainda não — dissera, enquanto mordiscava o pão. — Mas, sinto que estou perto de encontrá-la. Estou fazendo tudo o que está ao meu alcance. Sinto que a cada dia que passa estou mais perto de reencontrar-me com Venni.

— Devemos ter fé nesses momentos e nunca perdê-la. — sorriu, amável, para ele.

Tocou a mão de Stefan e olharam-se por longos minutos, ambos perdendo-se no olhar um do outro. Mas logo apartaram-se quando Olivia adentrou o escritório sem bater na porta. Sophie afastou-se, dando uma desculpa qualquer de que carecia regressar para a sua casa, e partiu muito apressada.

Olivia ergueu uma sobrancelha, mirando o irmão com desconfiança. Observou a cesta que Sophie havia esquecido sobre a mesa, ainda com os petiscos. 

— Então, você e a Srta. Sophie estão engatando um noivado? — indagou, sisuda.

— Entendeste errado, minha irmã. — Stefan apressou-se em corrigi-la. — Somos apenas bons amigos.

 — Jamais o censuraria, Stefan. Se quiseres encontrar um novo amor, és livre para isto. Está há quatro anos à procura de pistas pelo desaparecimento da Srta. Vennia. Muito me alegraria se eu o visse sorrir de novo.

— Não poderia envolver-me com outra mulher neste momento. Venni deve estar em algum lugar desconhecido, necessitando de ajuda, e enquanto eu não encontrá-la e não lhe implorar o devido perdão, essa sensação que esmaga meu peito por anos, não irá desvanecer por completo.

— Oh, irmão, não deves te fechar para a felicidade. E se a Srta. Vennia estiver morta?

— Não! Nunca mais se atreva a dizer uma coisa assim! Ela não está morta, Olivia! — sua voz alterou-se, tornando-se monstruosa.

VENNIAOnde histórias criam vida. Descubra agora