— Stefan!
A voz de Vennia finalmente ecoou de sua garganta e sentiu-se em grande júbilo coberta pelo véu da felicidade. Almejou lançar-se nos braços de Stefan, agraciando-se com o seu abraço, porém, conteve-se e repreendeu duramente a si mesma, pois certamente desmaiaria de vergonha por abraçá-lo. Não era mais uma criança para agir de tal maneira. Permitiu que algumas lágrimas trilhassem o seu rosto, em um misto de alegria com tristeza, por finalmente encontrar-se com seu amigo de infância, mas rapidamente enxugou-as, impedindo que Stefan as testemunhassem.
Ainda não acreditava que era ele em vossa frente. Oh, como ela queria que alguém lhe beliscasse, e céus, lhe respondessem que aquilo não se tratava de um sonho febril. Que lhe explicasse que o ruivo, perante aos seus olhos, era real. Que proferissem que o Stefan diante dela era feito de carne e osso, e não de ilusão e fumaça.
Stefan apenas sorriu, surpreso por vê-la nos corredores da mansão da família Valentine. Corroborou naqueles pouquíssimos segundos que a sua amiga de infância em nada mudara. Verdade que agora era uma mulher de aparência modesta e formosa, contudo permanecia sonhadora com aquele olhar encantador no rosto que ele tanto apreciava. Ela permanecia estática, com as mãos postas sobre o peito, como se tentasse controlar as batidas nada rítmicas de seu coração, queimando em desejo para abraçá-lo, segurá-lo em seus braços, afundar a face abrasada no peito do rapaz, e não condescender que ele partisse outra vez.
Afundaram-se em silêncio, enterrados no olhar um do outro, mas Vennia ansiava ouvir a doce voz de Stefan. Entreabriu os lábios, e tomando de coragem que antes nunca ousara fazer, Vennia se dispôs a dialogar com o rapaz.
— Oh, Stefan, estou realmente feliz por vê-lo outra vez. Estou em um estado de júbilo tão grande que é como se houvessem sinos dentro de mim. Diga-me, meu querido amigo, que ficará para sempre em Hampshire. E, por favor, imploro-te para que não aquebrante meus devaneios.
A moça estava em um estado de alvoroço com o retorno dele, pois quiçá, pensou que era o cumprimento da promessa de Stefan em retornar para ela.
— Voltei para a minha terra. Depois de morar em Londres e receber uma refinada educação, decidi regressar. Durante esse tempo, senti saudades suas, de vossa avó e irmã, que foram tão boas para mim. E todos esses anos, sempre pensei em você.
Vennia sentiu, de novo, a vontade fumegante em abraçá-lo, somente por conta daquela confissão. Ele pensou nela, o sentimento era ambíguo.
— E o que fazes aqui na mansão da família Valentine, Stefan?
— O mesmo pergunto para ti. O que fazes perambulando por estes corredores estreitos? Trabalhas no castelo da família Valentine? — questionou com um meigo sorriso no rosto.
Antes que Vennia pudesse explicar-se, uma jovem dama os interrompeu. Queixava-se de como havia se perdido nas alas escuras da mansão, e como o seu irmão tampouco havia se importado em deixá-la para trás. Volveu a atenção para Vennia, os grandes olhos azuis como safiras, examinando a donzela que conversava com Stefan.
— Oh, meu amado irmão, não me diga que esta é a Srta. Vennia, a sua amiga de infância da qual tanto falou-me?
Vennia piscou os olhos, admirada com aquela criatura de bela aparência, que havia apanhado suas duas mãos, e aproximado o rosto para perto do de Vennia, aplicando-lhe um beijo na bochecha, deixando Vennia ruborizada.
— Se fostes amiga do meu irmão, quero que se torne a minha amiga também. Sou Olivia Fernand. — apresentou-se em uma primorosa reverência. — Meu irmão e eu, a pedido do nosso pai, viemos nos hospedar na mansão, talvez por conta dos negócios que papai mantém com esta família. Creio que seja porque papai é um contador de confiança, e acabou por confiar ao meu irmão esta tarefa porque Stefan faz mágica com os números. Sabe, os Fernand e os Valentines tem negócios a par, mas não faço ideia de como o meu pai criou laços com estas pessoas, porque se não percebeu como eu, são todas tão carrancudas como se houvessem saboreado limões azedos no desjejum, almoço e jantar.

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VENNIA
Ficción histórica❣ Livro vencedor do Wattys2020 na categoria Ficção Histórica. "Nunca confie em um Valentine", esta era a sentença que Vennia Lionheart ouvira durante toda a sua infância. Sua vida aparentava estar ligada por laços inquebráveis com a famigerada fam...