Hope permanecia gradualmente felizarda por uma de suas netas ter se casado. Alegrava-se por isto. Já Vennia, rezava para que a avó não descobrisse que todo aquele casamento fora forjado em meio à chantagens e uma gravidez nada planejada. Hope era alheia e inocente a tudo isto, e acreditava piamente que Miriam havia se casado por amor.
Naquela tarde, a Sra. Crawford viera à casa de Hope, acompanhada de seu filho, Edward. Queriam saber as boas novas a respeito do casório apressado de Miriam. Vennia desejava que a avó não fosse tão ingênua em revelar grande parte do que ocorrera no casamento, visto que Edward ainda era loucamente apaixonado por Miriam, e temia que o rapaz ficasse ainda mais magoado.
Vennia serviu o chá para as senhoras e para o rapaz amargurado, e sentou-se à mesa, incomodada com o olhar cortante de Edward. Era como se ele soubesse o segredo obscuro por trás do casório de Miriam. Ou pior, como se ele estivesse a par do que Vennia fizera.
Ora, não tem como ele saber que também estou casada com Victor Valentine, pensava Vennia, tentando acalmar a si mesma, enquanto desviava-se dos olhares pertinentes de Edward.
— Miriam está demasiado feliz, Sra. Crawford. Mas ainda assim é uma neta ingrata. Ora, não escreveu-me nenhuma carta, nem mesmo rascunhou um bilhete. E está casada há semanas.
— É verdade que o marido dela mudou-se para outra cidade e que será soldado por lá? — a Sra. Crawford bebericou o chá na xícara.
— Oh, sim. O Sr. Brandon precisará trabalhar em dobro para sustentar a família. — Hope anunciou alegre.
— Embora ele tampouco precise transformar o suor em sangue e nem calejar as mãos arando a terra. — Edward intrometeu-se a voz carrega de azedume. — É um Valentine. Nasceu em berço de ouro. Teve tudo recebido nessa vida em uma bandeja de prata.
— Edward! — a Sra. Crawford chamou a atenção do filho, entre dentes. — Por favor, contenha-se.
— Bem, — Hope pigarreou. — agora que Miriam está casada, rezo para que Vennia também se case. Ora, veja se pode uma coisa dessas, a irmã mais nova casar-se antes da mais velha.
— Vovó, não diga algo assim. Não pretendo-me casar tão afobadamente. — porque estava casada em secreto, mas não diria aquilo para ninguém, era o seu precioso segredo.
— Creio que Venni almeja cuidar de uma viúva como eu, pelo resto da vida. — Hope riu.
Edward emudeceu-se, embora ainda estivesse com o olhar cravado em Vennia. E isto a incomodou demasiado. Raios! Que ele olhasse para outro lugar, ou ao menos disfarçasse o quanto estava incomodado com a situação presente na saleta de Hope.
Por fim, ouviram batidas na porta da entrada, e Vennia levantou-se a fim de atendê-la. Alisou o avental com as mãos, ajeitou o toucado sobre a cabeça, escondendo alguns fios espevitados, e abriu a porta com um grande sorriso no rosto. Deu-se defronte ao seu nêmesis e quase gritou ao vê-lo.
— Boa noite, Srta. Vennia — o sorriso mordaz no rosto fizera Vennia entrar em puro estado de furor.
— Sr. Victor — o sorriso da garota, antes delicado, tornou-se forçado, com as palavras sendo ditas sussurradas com os dentes quase cerrados. — A que devo o ar de sua graça?
— Vim somente para uma visita rápida — entregou o casaco pesado para que Vennia o segurasse.
— Veio visitar-me ou fazer-me ferver em fúria? — jogou o casaco de Victor no chão.
— Sua irmã pediu-me para entregar uma carta.
— E virastes o menino dos recados?
— Não encurte a minha paciência, Srta. Vennia.
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VENNIA
Historical Fiction❣ Livro vencedor do Wattys2020 na categoria Ficção Histórica. "Nunca confie em um Valentine", esta era a sentença que Vennia Lionheart ouvira durante toda a sua infância. Sua vida aparentava estar ligada por laços inquebráveis com a famigerada fam...