Capítulo 38

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Parecia haver uma tonelada de pedras no coração de Vennia. Era uma mentirosa, uma farsante. Oh, se Sophie soubesse a respeito de seu casamento secreto com Victor, a mocinha de cabelos prateados a perdoaria? Verdade que não eram amigas, e tampouco eram íntimas, e pouquíssimas palavras haviam trocado, Vennia podia contar nos dedos as vezes em que conversara com Sophie, contudo Vennia sentia um dissabor enorme ao rememorar das palavras de Kairus. Victor e Sophie estavam destinados a serem noivos desde muito cedo. Ela era apenas a intrusa que foi chantageada para um casamento de mentira, baseado em ruínas. Mas, Vennia queria uma explicação plausível do porquê Victor jamais ter lhe contado este fato aterrador. Por que escondeu aquela verdade, de que era noivo de Sophie. Quanto mais pensava, mais tonta ficava. 

Mal conseguiu respirar quando viu Victor, parado diante da porta de seus aposentos, como se esperasse por ela. Debaixo do braço do rapaz, um primoroso embrulho.

A moça abriu a porta e adentrou o quarto, e Victor a seguiu. Sem perder muito tempo, Victor entregou o embrulho para Vennia. A moça depositou o pacote sobre a cama, e abriu-o com veloso cuidado. Não havia encarado Victor e temia fazê-lo pois sentia que iria sufocar se o fizesse.

— Um vestido... — Vennia ficou sem palavras. Agarrou o tecido e levou-o para junto do corpo, como se o agraciasse em um abraço. Sorria, abobada com o presente.

— Para usá-lo nas comemorações de fim de ano que acontecerão daqui a alguns dias. Tenho quase absoluta certeza de que o Sr. Stefan irá gostar de vê-la nesta vestimenta, embora tampouco faça o meu gosto.

— Oh, Sr. Victor, muito obrigada — sorria, como uma criança animada.

Correu para a frente do grande espelho, encantada com o vestido. Era todo amarelo, brocado, com alguns detalhes em branco. Praticamente, dançava com o vestido diante do espelho, e somente deteve-se em seu pequeno momento de júbilo pois Victor a observava fixamente, sobre a sombra de um olho.

— Não o vi durante o dia na mansão e nem mesmo na igreja, Sr. Victor. Não me digas que ficastes fora o dia todo para comprar um vestido para mim?

— Oh, não sejas tão convencida. Tinha outras coisas para fazer na cidade. Apenas aproveitei o dia de hoje. E quanto a ti? Assim que cheguei, bati na porta e não respondestes.

— Não passo o dia trancafiada em meus aposentos, se és o que pensas. Fui para o batismo do meu sobrinho. Todos fomos. Depois, fui conhecer os jardins da igreja, e conversei com... — mordeu os lábios, refletindo se era certo continuar a falar. — o Sr. Kairus Valentine.

Victor virou-se para ela, de chofre.

— O que conversou com Kairus?

— Nada demais. Ele apenas fez questionamentos inconvenientes e neguei todos.

— Por exemplo?

— O Sr. Kairus pensa que temos algum tipo de relacionamento íntimo — confessou, ruborizando.

— Aquele cretino! — Victor rosnou. — Até quando continuará a perseguir-me e tirar conclusões precipitadas?!

— E também, ele contou-me a respeito do noivado que terias com a vossa prima, a Srta. Sophie.

— Esta é a única prima que possuo. Por que especificar desta maneira tão pedante?

— E por que tens de ser tão patife, Sr. Victor?

— O que disse?!

— Nada — Vennia calou-se.

Victor focou os olhos em Vennia que continuava agarrada ao vestido.

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