Capítulo 20

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Casamentos deveriam ser celebrações alegres, pois significavam a união de dois seres que amam-se e desejam-se de corpo e alma ao ponto de ansiarem passar o resto da vida juntos. Não era o caso do casamento de Miriam e Brandon. A igreja de São Gabriel permanecia em um clima indesejado de silêncio e ambiguidade, como se ali, naquele local estivesse ocorrendo não um casamento, mas um funeral. 

Os convidados eram apenas pessoas chegadas a família Valentine e os próprios Valentines, que aparentavam não sentir nenhum pouco de orgulho por aquele matrimônio tão imprevisto. Vennia não gostava daqueles ricos mesquinhos. Eram pessoas de requinte e de nariz empinado. O cheiro da arrogância poluía o ar. 

Vennia ficou mal durante toda a cerimônia de casamento. No entanto, estava completamente aborrecida com Miriam. Como ela havia ousado recusar o enxoval feito a mão com total carinho dado por Hope? Ao invés disso, aceitou o enxoval caríssimo de Diana, entregue por intermeio de Brandon, porque de alguma forma, Diana ainda recusava-se a encarar a futura nora. E isto era tão verdade que na igreja Diana cobiçava um enorme chapéu com um véu preto que lhe cobria o seu rosto. Fizera o mesmo com a filha não que Sophie estivesse disposta a usar tamanho acessório ridículo, mas ao menos o véu preto escondia a sua decepção pelo irmão mais velho.

Hope e Vennia caminharam pela igreja de clima desanimado, sentando-se na fileira da frente, que pertencia à família da noiva. Durante todo o momento, Vennia ouviu cochichos a respeito de si. Ao menos, Hope jazia bonita. Pusera o melhor vestido e escolhera o melhor perfume. De quando em vez, enxugava as lágrimas. Quando Heron Valentine adentrou a igreja, Hope baixou a cabeça, e apertou as mãos, constantemente nervosa. Não ousou olhá-lo nenhuma vez embora Vennia tivesse certeza de que Heron, sentado do outro lado, ainda mantinha os olhos em Hope. 

A única pessoa que jazia alegre em tamanho clima obscuro era Miriam. Assim que ela adentrou a igreja, pôs estrategicamente os lírios no buquê sobre a barriga, pois esta jazia saliente, e era visível aos olhos mais sagazes. Andava solene com um sorriso que podia ser visto mesmo com o véu sobre a sua face. Brandon a esperava no altar, trajando uma roupa semelhante ao seu uniforme de soldado, porém, na cor preta. Seu semblante não era dos melhores e aparentava que perdera uma guerra. Era somente um corpo sem alma que ali havia.

Mais uma vez, Vennia escutou risadinhas e cochichos. Vinham duas fileiras detrás da sua, mas o mexerico era tão imenso ao ponto dela prestar mais atenção para aquilo do que para as palavras do padre que redigia a cerimônia. Era um total de quatro senhoritas que fofocavam entre si.

— Pobre Brandon. Casando-se com uma garota sem dote. — dissera a primeira garota, cuja voz era ríspida.

— O que será que ele viu nela? — indagou a segunda.

— Não sei, querida amiga, mas garanto que ela usou alguma espécie de feitiço. — a terceira garota tinha a voz nasalada. — Brandon Valentine não é o tipo de homem que se prende em um noivado, quem dirá em um casamento.

— Ainda sobrou um Valentine solteiro. — a quarta parecia um tanto assanhada.

— O Sr. Victor Valentine? — a primeira garota retomou a falar. — Estais se referindo ao Sr. Victor Valentine? Quem em sã consciência se casaria com aquele tipo? Não é o Valentine mais belo, e certamente, não é o mais esperto.

— Ele usa aquela coisa no rosto. O que ele quer esconder, afinal? Mas, se ele jogasse fora aquele tapa-olho eu aceitaria ser a esposa dele. — a segunda garota mordeu os lábios.

— Você é maluca? — a terceira garota sobrepôs a voz. — Não soube do que aconteceu com ele?

— O que aconteceu? — a segunda, perguntou. 

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