Capítulo 17

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Victor tinha uma missão a cumprir naquela fatídica manhã. Viu-se em um papel importante, depois de muito conversar com Heron. Falar cara a cara com seu algoz era sufocante para ele, mas se quisesse que seus planos dessem certo, precisava fazer o que era necessário. Adentrou os aposentos de Brandon, portando um balde. Incomodou-se grandemente com o chiqueiro que era aquele quarto. Aproximou-se da cama de Brandon, onde o rapaz jazia a dormir, e despreocupadamente, jogou a água gelada, que estava no balde, nele.

— Acorde, filhinho da mamãe. — Victor falou sarcasticamente.

— O que diabos...? — Brandon tossia.

— Seu quarto fede a uísque. Bem, não posso esperar cultura e organização vindos de uma pessoa como você. — passou os dedos sobre o tapa-olho.

— O que faz aqui, seu esquisitão?

— Antes de irritar-se, trouxe o comunicado de Heron para ti.

— Vovô manda mensageiros agora? — pegou o documento. — Por que ele não fala comigo cara a cara?

— Talvez pelo fato dele estar enormemente desapontando contigo.

— Eu não sei como aquela garota ficou grávida. Eu juro. Não foi a primeira garota quem eu levei para a cama e nem mesmo a última. Lembro bem de quando ela e eu... — foi interrompido por Victor, que levantou a mão direita.

— Pare! Não estou a fim de ouvir as aventuras de um libertino. Sequer desfrutei do desjejum.

Brandon leu o papel, e a medida que lia, a cor sumia de seu rosto. 

— O que significa isto?

— Depois de muito pensar ontem, Heron decidiu que você não é digno de comparecer à presença dele. Por isso, considere-me como o seu mensageiro.

Victor pigarreou, arrumando a gravata branca.

— Não tem mais direito a nenhum centavo. Sua vida irresponsável de farras, acabou, caro primo. Mas, por outro lado, sinto que devo ajudar-te. Não pelo seu bem mas por conta de uma criança inocente que nascerá sob a sombra de um pai libidinoso. 

Brandon atentou-se ao que Victor ia falar. Piscou os olhos, limpando os vestígios de água e suor com a palma da mão.

— Prometo pagar-te 3 mil libras ao ano, com a condição de que cuides da família de sua futura esposa.

— Sete mil. — Brandon tentava renegociar. — Se queres que eu seja responsável em cuidar delas, exijo sete mil.

— Achas que está em posição de negociar, primo? És realmente um descarado.

— 3 mil libras é muito pouco, ainda mais com a minha renumeração como soldado. Irei sustentar três bocas mais o bebê que logo nascerá. Sabe o quanto uma criança dá trabalho? Sete mil libras. — repetiu seu preço.

— 3 mil libras apenas, e dê graças aos céus por eu não lhe dá nada! 

— E da onde está tirando tanto dinheiro? Acaso está roubando o vovô?

— As libras que gastei são da herança de minha mãe, seu mentecapto.

— Não vou me casar com esta garota. Não pode me obrigar a isso. Pensas que pode controlar a minha herança?

— Eu posso. E vou. Heron me deu total liberdade para tal feito. Ademais, ele disse-me que se não te casares com esta garota, ele tirará tudo de ti. Tudo. 

— Não podem fazer isto comigo!

— Sabes bem que Heron e eu temos nos dado muito bem. Se eu fosse você, eu obedeceria e não correria o risco de ser excomungado da família. Ao que parece, perdestes o lugar como o favorito de Heron.

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