Tudo naquele dia parecia estar dando errado para Victor. Chovia demasiado o que espantava qualquer aspecto de realizar um passeio deslumbrante com Vennia. Pegou-se, até mesmo, perguntando para a sua prima, Sophie, qual lugar perfeito para levar uma dama em um passeio.
— Ah, eu adoro ter de contemplar as ondas do mar. A praia sempre me traz a sensação de tranquilidade e paz.
Raios, como ele levaria Vennia a uma praia? Stefan já havia agraciado-a com um passeio de barco. Não queria repetir o mesmo trajeto do rival. De repente, sentiu-se péssimo. Estavam brincando com os sentimentos de uma donzela sem memória. Mas era muito orgulhoso para perdê-la para Stefan. Preferia morrer a admitir a derrota.
Bufou, insatisfeito. Parecia que uma espécie de azar estava a segui-lo.
Verdade que naqueles dias, muito tentou falar com seu pai. Dera voltas em Queensville, e quando por fim, conseguiu encontrar a casa de Kairus, hesitou em adentrar e falar com o homem. Ainda o temia, e não menos importante, não conseguia perdoá-lo.
Olhou para o relógio de pêndulo, pôs a cartola na cabeça e saiu.
Estava atrasado.
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Formou um nó com os dedos e bateu na porta da casa de Miriam. Foi atendido por Vennia.
— Srta. Vennia. — reverenciou, tirando a cartola da cabeça.
— Bom dia, Sr. Victor. O que faz aqui? — perguntou, surpresa.
— Não me convidará para entrar? — indagou, um tanto persistente.
A moça abriu um pouco a porta. Oh, como Victor amargou por estar ali. Ao menos, foi bem recebido por Hope, que tratou de oferecer chá ao rapaz enquanto comentava sobre as fortes chuvas.
— Ainda não respondeu sobre o que faz aqui. — Vennia mantinha os braços cruzados.
Victor precisava inventar uma desculpa urgente. Necessitava tirá-la da casa, e conduzi-la em um estúpido passeio.
— Tenho de levá-la até Hampshire, Srta. Vennia. Precisa assinar os documentos de anulação do nosso falso casamento.
— Agora? Temos de ir agora, Sr. Victor?
— É de extrema urgência — sorvia o chá.
— Oh, por que tal assunto passado ainda me atormenta? Não podemos fazer isto noutro dia? Uma viagem para Hampshire nesse momento seria custosa. Demorará dias para irmos e voltarmos.
— Tem que ser agora — Victor tentava ser convincente. Mas tão logo sentiu-se uma marionete nas mãos de Stefan. — Creio que carecemos libertar-nos um do outro.
— Avisarei minha avó e irmã — Vennia suspirou, desolada. — Não demoro.
Despediu-se demoradamente de Hope e Miriam, beijou a testa do pequeno Matt. Apanhou a mala e adentrou a carruagem de Victor. O coração da moça envolto de um dilema que somente lhe trazia mais e mais incertezas.
— Prometo que nossa viagem será curta — Victor anunciou. — Tomarei um atalho.
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Victor estava certo quando desconfiou que estava sendo perseguido por uma espécie de azar. Foi no atalho que ele sugeriu, de estrada de lama e pedras, que a sua carruagem atolou. E foi neste mesmo atalho que o rapaz e a moça foram assaltados por uma trupe de malfeitores. Tomaram-se de horror e pânico quando roubaram a mala de Vennia e o dinheiro que Victor portava consigo. Foram deixados debaixo da chuva, ainda vivos, porém, deveras alarmados.
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VENNIA
Narrativa Storica❣ Livro vencedor do Wattys2020 na categoria Ficção Histórica. "Nunca confie em um Valentine", esta era a sentença que Vennia Lionheart ouvira durante toda a sua infância. Sua vida aparentava estar ligada por laços inquebráveis com a famigerada fam...