Capítulo XIV

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Para: Lúcia ♥

Andei por alguns minutos com o meu pequeno anjo de cabelos dourados, pela a densa mata apenas iluminada pela a luz da lua. Por alguns minutos, tivemos que parar por causa do salto alto que Lúcia usava e atrapalhava a nossa caminhada.

-A lua está tão bonita que poderia se chamar Lúcia. -falei, olhando para o seu rosto cansado e vermelho.

Ela apenas sorriu e segurou minha mão, para desviar de alguns galhos que se encontravam caído no chão. Por conta do desmatamento, havia poucas árvores inteiras.

-O homem realmente é um monstro. -disse revoltada, ao ver a quantidade de troncos sem vida espalhados pelo o parque.

Realmente era uma situação degradante. Me lembro desse lugar ser o meu refúgio diante das brigas constantes dos meus pais. Muita das vezes eu derramava lágrimas amargas e frias sentado no topo de uma pedra enorme que existia alí. A vista era linda, podia ver a cidade inteira. Apenas luzes acesas e pessoas perambulando após um dia cansativo. Esse parque era metade meu. Pelo o fato do difícil acesso, ele era apenas meu e de Lúcia, do meu anjo de cabelos dourados.

-Já chegamos? -percebi sua respiração ofegante e cansada.

-Sim, já chegamos.

Peguei em sua mão e a conduzi calmamente até a pedra. Meio desajeitada subiu até o topo e sentou se exausta. Seu rosto branco e pálido, se encontrava vermelho e suado. E mesmo assim, continuava linda e encantadora. Ou será que era efeito desse amor imenso que sentia?

-Porque gosta desse lugar abandonado? -falou, depois de um longo silêncio.

Me aproximei do seu corpo e  sentei ao seu lado. Meu ombro encostava no seu, e isso fazia com que meu corpo respondesse aos extintos ferozes que sentia por aquela menina.

-Esse lugar é meu refúgio... -disse, deitando na enorme pedra. -...muita das vezes, ele me conforta de dores que sinto no meu dia a dia.

Ela me encarava curiosa. A silhueta do seu corpo iluminado apenas pela a luz da lua, era um fetiche muito grande para um menino de 17 anos de idade.

-Fico feliz por me trazer num lugar que significa tanto para você.

Mal sabe ela que trocaria esse parque para passar uma vida inteira ao seu lado. Realmente eu a amava muito.

-Você significa tanto quanto.

Seus olhos verdes me fitavam intensamente. Nunca em minha vida toda poderia receber um olhar assim.

-Porque?

Me levantei e fiquei próximo do seu rosto. Podia ver seus poros tão de perto que tive vontade de acaricia los. Por mais estranho que seja, eu poderia beija lá alí mesmo. Sentir o gosto desses seus lábios carnudos e vermelhos, como a maçã envenenada da branca de neve. Não me importaria de morrer assim que o fizesse, afinal eu teria sido seu por um instante.

-Sabe essas estrelas? -disse apontando para o céu estrelado que havia sobre nossas cabeças.

Ela encarou por um instante aquela imensidão escura e com alguns pontos iluminados. E sem entender minha referência, perguntou:

-O que tem?

Aproximei mais o meu rosto do seu. Podia sentir o cheiro do seu hálito doce, e isso me deixava mais tentando há sentir o gosto que estava impregnado na sua língua.

-Você são elas... -olhei dentro dos seus olhos, e percebi sua pupila dilatar de uma forma admirável. -...apesar de viver distante de mim, todas as noites tenho certeza que irá me visitar.

Coração de Papel ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora