Capítulo XXXV

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"Como explicar algo, que nem você mesmo consegue entender?" (Um homem de sorte- Nicholas Sparks) ❣

🌟🌟🌟🌟 (Capítulo narrado por Ana Helena) 🌟🌟🌟🌟

Eu queria entender essa mistura de sentimentos que explodiam dentro de mim toda vez que ele se aproximava. A forma que meu corpo inteiro tremia, em um simples toque rápido e intenso. O coração que acelerava de uma maneira descomunal, quando seus olhos percorrem minha face em busca de alguma resposta para tanta frieza. E ela é apenas uma: Melissa gosta dele.

Não seria do meu caráter acabar com essa barreira que minha amiga criará com ele. Mesmo que seja apenas uma ilusão da sua cabeça a procura de um conforto após anos sofrendo preconceito. Era errado eu sentir tudo isso quando se aproximo dele. Mas, como controlar algo que nem sei explicar?

-Estou indo embora. -Disse, levantando da sua mesa e recolhendo as poucas coisas que existia em cima dela.

Me senti aflita ao saber que ele estaria longe de mim, a poucos segundos. E que aquele escritório ficaria grande demais. Porém, criei mais muros ao meu redor e disse fria o suficiente para desmoronar meu coração:

-Até amanhã.

Ele apenas passou a mão naqueles cabelos encaracolados e sorriu. Aquele sorriso puro e tímido que me fazia se perder em mundos paralelos.

-Até amanhã Ana.

Sem dizer mais nada, ele se foi. Me deixando sozinha nessa sala ouvindo apenas minha respiração e o medo de perdê-lo sem antes tê-lo conquistado.

🌟🌟🌟🌟🌟

Jogando meus saltos no canto da porta. Senti o cheiro de macarrão ecoar pelos os cômodos da casa. Enquanto o som do rádio tocava porque brigamos da cantora Diana. Meu pai realmente estava disposto a se lembrar de minha mãe. Afinal, apenas os dois curtiam as músicas dela juntos e dançavam pela a casa como um casal de apaixonados.

-Quanto mais eu penso em lhe deixar, mais eu sinto que eu não posso 🎤

Ouvia meu pai cantar na cozinha. Sua voz era rouca e as vezes falhava em algumas notas altas, devido a crise de tosse que tinha. Mas, era gostoso ouvir a emoção deixada em cada palavra.

-Pois eu me prendi a sua vida
Muito mais do que devia 🎤

Andei calmamente até a cozinha. E fiquei observando Carlos com a colher de pau, fazendo-a de microfone. Cantando de olhos fechados e se sentindo realmente um cantor profissional.

-Quando é noite de regresso você briga, por qualquer motivo
Confesso que tenho vontade de ir pra bem longe, pra nunca mais te ver 🎤

Ele se jogará no chão como se estivesse tocando uma guitarra. E eu assistia seu pequeno show calada e rindo baixinho.

-Ó meu amado porque brigamos... -Cantei sem pestanejar. No qual, Carlos abriu os olhos e ficou me encarando admirado. -... Não posso mais viver assim sempre chorando, a minha paz estou perdendo, a nossa vida deve ser de alegria, pois eu lhe amo tanto 🎤

Assim que as últimas melodias finais pararam de ecoar pela a casa. Meu pai começou aplaudir minha cantoria. E isso me deixou envergonhada.

-Filha, que voz linda você tem. -Disse, voltando a mexer a panela com o molho de tomate.

-Não é para tanto.

Dei-lhe um beijo na bochecha e peguei uma maça que estava em cima do balcão.

-Lógico que é filha...

Mordi levemente a maça vermelha, sentindo aquele gosto doce descer pela a minha garganta.

Coração de Papel ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora