12 de agosto de 2008
Hoje estamos arrumando nossas malas para ir visitar minha família em Minas Gerais. Lúcia adora esses passeios, então o entusiasmo transborda pelos os seus olhos. Estamos completando 25 anos de casados, e por um instante eu lembrei daquele garoto apaixonado pela a menina mais linda da pequena cidade, atravessando a rua depois de ir para a igreja.
O amor continua o mesmo. ☘
Em 25 anos, tivemos obstáculos e barreiras que todo casal com o sentimento fraco, teria desistido. Porém, não se encaixava comigo e Lúcia. Meu anjo dos cabelos dourados. Que com tempo, estão grisalhos e as rugas apareceram com a experiência.
Mas o amor continua o mesmo.
Samuel esta completando 10 anos e puxou totalmente a personalidade da mãe. A aparência lembra um pouco quando eu era criança. E mesmo sendo esta mistura gostosa e grandiosa de nós dois, ele todos os dias se torna um homenzinho. Sua felicidade por viagens, chega ser engraçado. Cada roupa colocada na sua mala, é um sorriso e agradecimento dado para mim.
Meu filho.
Samuel conseguiu realizar o meu maior sonho e desejo de anos, ser pai. E apesar de ter perdido a nossa pequena Ana Clara, ele consegue suprir essa falta. Apenas com o seu jeitinho carinhoso e astuto de ser.
Meu maior presente.
- Papai, quando vamos para a casa do vovô e a vovó? - Perguntou, andando com a sua mala de rodinhas pela a casa.
- Quando a mamãe terminar de arrumar as malas dela.
Ele fez um biquinho impaciente.
- Daqui a pouco o bolo de fubá da vovó acaba, e a mamãe ainda esta arrumando as coisas.
Gargalhei do seu pensamento. E resolvi apressar Lúcia, antes que Samuel começasse a ter um chilique de graça.
- Amor? - Disse, encostando na porta e assistindo ela pentear seus cabelos, admirando sua beleza envelhecida em frente ao espelho.
- Samuel já esta impaciente? - Perguntou, sem olhar para mim.
Cruzei os braços e respirei fundo.
- Ele quer ir logo, antes que o bolo de fubá da mamãe acabe.
Lúcia riu e olhou para mim. Meu coração acelerou como da primeira vez que a vi. Ela realmente era linda. Ela realmente era minha.
- Vamos. Já terminei.
Ela veio me mostrando as duas malas grandes feitas. E me deu um beijo rápido.
- Eu te amo. - Falei.
- Eu te amo.
Mais uma vez se apaixonamos um pelo o outro em 25 anos.
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Ouvindo raça negra, indo para Minas Gerais, minha esposa linda no banco carona e meu filho que tanto amo atrás. A mistura perfeita.
As risadas da minha mulher ao ouvir minha cantoria perfeita da música cheia de manias. Samuel apoiando a sua mãe e o amor que transbordava dentro daquele carro.
Era para ser um final de semana lindo.
Mas não foi.
Um caminhão veio com alta velocidade em cima da gente, e apenas me lembro do impacto. O impacto de sentir meu corpo ser arremessado a milhares de distância. Apenas sentia o corpo de Lúcia próximo do meu. Sua pele branca ensanguentada, e as lágrimas que caíam sobre o seu rosto. Meus músculos doíam e a minha cabeça parecia que tinha pregos enfiados nela.
Não pensei em nada. Apenas em neles.
Tentei gritar o nome de Samuel. Mas,meus lábios não se mexiam. E a minha única opção, foi abraçar o corpo de Lúcia.
Da minha única mulher.
Seus olhos verdes foram se fechando lentamente e o meu coração começou a sangrar ao ver aquela cena.
Samuel. Lúcia.
Precisava salva-los. Mas, meu corpo estava ficando fraco e a minhas pálpebras pareciam pesar uma tonelada. E num instante, eu senti não estar mais com eles.
Pelo menos num instante.
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Coração de Papel ( Revisado)
RomanceCartas escritas em pleno século 21 é clichê demais? Ela todos os dias sentava no mesmo lugar, pedia o mesmo café com duas gotas de adoçante e sorria toda vez que via uma carta deixada sobre a mesa. Ele apenas observava de longe, vendo seus olhos co...