Capítulo XLVII

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"Eu queria te amar apenas mais uma vez..." 🍀

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Quando era criança me lembro de verões passados na casa da minha tia Anísia, irmã da minha mãe Lúcia. As duas se amavam. Mesmo a familia descobrindo a existência dela depois de anos...

🌟 🌟 5 de agosto de 2005 🌟🌟

Todos estavam felizes naquele dia. Vovó estava completando cinquenta e sete anos de idade. Minha mãe havia organizado uma pequena festa para comemorar seu aniversário. Todos da família tinha comparecido. Até parentes que nunca tinha visto na minha vida. Tias de terceiro grau por parte da minha mãe que viviam distantes. Primas metidas que moravam em fazendas como filhas de caseiro, e mesmo assim tinham o nariz em pé. Realmente eram chatas...

A festa não era aquela coisa que eu podia chamar de divertido. Era apenas uma reunião entre pessoas que se aturavam e queria sempre ser superior aos outros. Realmente, para uma criança de sete anos de idade, não passava de algo entediante.

-Nossa como o Samuel cresceu... -gritou histérica uma tia que nem me lembrava mais da sua existência. -...quantos anos ele tem agora?

Minha mãe olhava para aquela mulher com os cabelos tingidos de vermelho sangue e os olhos grandes pintados com um lápis azul. Realmente ela era bonita. Porém, sua beleza não precisava de tinta.

-Ele tem sete anos meu homenzinho. -Disse, sorrindo.

Minha mãe tinha o dom de fazer com que um momento constrangedor se tornasse algo único, com a sua simplicidade.

-Parece muito com o pai dele...

Sabia que no fundo, aquele revirar de olhos da dona Lúcia era um aviso de que estava prestes a ser ignorante.

-Sim meu anjo... mas, muito obrigado por elogiar meu filhote. -Falou, envolvendo seu braço magrelo ao redor do meu pescoço. -...Vamos amor de mãe.

E assim sumimos da vista daquela tia chata... 🍃

-Mamãe?

Já estavamos no jardim da nossa casa. Um lugar tão calmo e sereno que nos transmitia uma paz. Que quando pequeno, não entendia.

-Sim filho...

-Esse povo é estranho...

Lúcia gargalhou.

-Nossa família...

-Então somos estranhos mamãe?

Ela me encarou e começou a rir sem parar.

-Só somos quando estamos reunidos em algum restaurante...

Gargalhamos juntos naquele jardim.

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Fui acordado dos meus pensamentos, pelos os passos da minha avó Amélia se aproximando. Desde que, estou trabalhando no buffet, raramente a encontro. Geralmente chego tarde e ela já está dormindo.

-Finalmente te encontrei... - Disse, ironicamente. -...parece até que moro sozinha.

Sorri, ajeitando meu corpo na cama de uma maneira que, minhas costas ficassem apoiadas no travesseiro.

-Oi senhorita, quanto tempo!

Gargalhei ao ver sua cara de brava.

-Meu neto simplesmente não tem mais tempo para a vó dele.

Coração de Papel ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora