"Mas não se esqueça: assim como não se deve misturar bebidas, misturar pessoas também pode dar ressaca."
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🌟Por um instante eu achei que estava no céu. Tudo bem que Ana estivesse descontrolada por conta das milhares de doses de tequila que tomou. Permanecia no céu, ao ver aqueles olhos densos e cheios de desejos me olhando. Tentava disfarçar o quanto queria poder beijar seus lábios e te provar por uma noite. Na verdade, queria que todos os meus dias fossem ao seu lado. Amava cada detalhe daquele rosto, mesmo quando ficava brava e queria me matar. Uma parte de mim estava completamente feliz por estar do seu lado e ouvir suas risadas calorosas pedindo que há tocasse.
Eu a amava.
- Quero tanto que tudo parasse de girar... - Disse soluçando. Seus cabelos emaranhados e os olhos pretos por conta da maquiagem que ameaçou de borrar a duas horas atrás precisava de um retoque. Porém, Ana estava ocupada tomando sua quinta garrafa de tequila.
-Vamos para casa.
Não tinha bebido como ela. Estava lúcido o suficiente para saber o que estava fazendo. Queria impedi-la de virar mais copos, quando ameaçou de arrancar a blusa e me provar que tinha seios enormes. Coisa que era desnecessária, afinal, já tive a chance de chupa-los certa vez. Ainda me lembro do seu gosto de hortelã.
-Eu quero ficar aqui.
Ana começou a choramingar e agarrar uma garrafa vazia que tinha sobre a mesa. Ela realmente estava fora de si. E todos os fregueses começaram a notar isso.
-Camilo! - Gritei, na esperança que ele aparecesse logo, e pudéssemos ir embora antes de Ana Helena arrancar suas roupas alegando que está calor.
Alguns minutos depois, Camilo aproximou da nossa mesa e ficou olhando admirado para o estado de Ana. Ela ria desesperada. Sem nem ao menos saber o que estava acontecendo.
-Quanto devo pagar?
-Não precisa. Ana tem uma conta conosco.
-Mesmo assim quero pagar.
Ele me encarou contragosto e disse ríspido.
-130,00.
Por um instante percebi o quanto se embriagar custa caro. Até para espantar seus fantasmas custa seu dinheiro. Garrafas de tequila por enquanto não. Até a fatura do meu cartão chegar e eu poder rir disso com a mulher que amo. A única. Ana Helena.
Andar com uma mulher embriagada dizendo o quanto odeia o fato dos seus tacos preferidos estarem ruim naquele dia, não era uma tarefa fácil. As vezes tivemos que parar por conta de ameaças de vômitos. Tudo estava girando para Ana Helena. As calçadas eram nuvens, a escuridão da noite era uma fumaça negra que estava perseguindo nos dois. Tantas coisas cômicas ela disse, que só sabia rir e admirar sua beleza. Mesmo que estivesse meio difícil de perceber, após cinco garrafas de tequila. A maquiagem já estava toda borrada, deixando seus olhos pretos. A roupa amarrotada com tantas ameaças de arranca-lá. E o hálito de álcool que inalava, toda vez que tentava me contar um segredo sem sentido algum. Foi um encontro maravilhoso e marcante para todos nós.
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Coração de Papel ( Revisado)
RomansaCartas escritas em pleno século 21 é clichê demais? Ela todos os dias sentava no mesmo lugar, pedia o mesmo café com duas gotas de adoçante e sorria toda vez que via uma carta deixada sobre a mesa. Ele apenas observava de longe, vendo seus olhos co...