Capítulo LXII

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Para: Lúcia 

Sabe quando você tem a certeza que tudo pode ser um sonho e que logo ira acordar para uma realidade totalmente diferente da que você idealiza?

As vezes sinto que estou neste transe. Pronto para despertar e destruir tudo que desejo ser a base para a minha vida. Lúcia. Meu filho ou filha. Na verdade, tenho certeza que é o meu pequeno Samuel que esta a caminho. Sonhei com os seus olhos parecidos com o meu, e a personalidade parecida com a da sua mãe. O biquinho que ela faz quando é contrariada ou a forma que torce o nariz quando discorda das suas opiniões. Ah, tudo que achava charmoso nela, ele tinha.

Meu filho. Meu sangue.

Algumas pessoas costumam dizer que, após cinco anos de casados o risco de desencantar é maior. Acho engraçado que isso não aconteceu comigo, seria uma tolice deixar de amar alguém que você escolheu viver sua vida toda. E do nada, tem que se acostumar com outra rotina completamente diferente da que, sempre estava acostumado a fazer com a pessoa. Após, quinze anos de casado com Lúcia, tivemos que passar por uma perca na nossa primeira gravidez, perdemos nossa filha Ana Clara. Depois, tive que aprender lidar com a depressão dela, o medo de se tornar mãe novamente. Tive que apoia-la nas suas decisões já que queria ficar com ela. E agora, estou admirando sua beleza enquanto dorme. Sua barriga grande o suficiente para incomoda-la durante a noite. Mas, o amor tudo suporta.

Queria tanto entender porque minha sogra me odeia tanto, sendo que sempre amei sua filha. As vezes, sinto que algo do passado a incomoda e ela joga tudo nas minhas costas. Porém, desisti de manter um contato e apenas respeitamos o espaço um do outro. Afinal, temos algo que amamos muito. Lúcia.

Agora meu único objetivo é apenas  cuidar e zelar minha família como se fosse a última coisa a se fazer nesta vida.

-Amor, acordado?

Lúcia me olhou sonolenta e esfregando os olhos.

-Vou dormir já.

-Está fazendo o que?

Por um minuto parei e fiquei analisando como estava linda grávida.

-Admirando você enquanto dorme.

Ela sorriu e jogou um beijo no ar. Deitei ao seu lado, e abracei seu corpo. 

-Eu te amo.

-Eu também te amo.

Após alguns minutos ela adormeceu no meu peito. Enquanto, afagava seus cabelos a noite toda e esperava pelo o amanhecer.

Mais uma vez.

Esperando pela a minha felicidade completa.

                                                                     Pedro

22 de maio de 1996


Coração de Papel ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora