"Me sinto seu ao se entregar, me fiz inteira para você" (AnaVitoria)
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🌟*Lembranças on*
Minha mãe penteava meus cabelos emaranhados com cautela, enquanto eu brincava com uma boneca pequena de porcelana. Foi quando finalmente eu perguntei sobre a cena que tinha visto a duas semanas atrás na televisão. No qual, uma mulher beijava um homem e os dois tinham um brilho nos olhos que nunca havia visto. Queria saber da onde surgiu aquele olhar iluminado e cheio de algo que, não sabia o que era.
- Mamãe, por que eu não tenho brilho nos olhos?
Ela simplesmente parou o movimento suave que fazia com a escova e ficou me encarando confusa. Apenas tentando entender da onde surgirá aquela pergunta.
- Que tipo de brilho filha?
Fiquei pensando como iria me expressar sobre algo que, ela necessita ver para entender.
- Quando você olha para uma pessoa e seus olhos parecem dois farol de carro aceso na escuridão.
Minha mãe olhou. Olhou. Olhou. E quando finalmente caiu a ficha do que tinha perguntado. Ela somente riu escandalosamente.
Odiava quando fazia isso.
- Filha, a mamãe olha para o papai e sente uma paz tão imensa e um amor tão enorme, que o brilho transborda pelos os olhos. Você vai ter esse brilho quando estiver amando.
- E como vou saber que estou amando?
Ela parou e hesitou. Por um instante tudo parecia estar confuso e entrando nos eixos na sua cabeça, ou talvez estivesse escolhendo as palavras certas para me explicar.
- Quando você ter a certeza que o seu mundo esta na pessoa.
*Lembranças off*
O relógio marcava com grandes números em vermelhos 4:50 da manhã. Mesmo estando com preguiça e a minha cabeça doendo, como se milhares de pregos estivessem sendo pregados no meu cérebro, estava me admirando na frente do espelho e percebendo os traços que minha mãe me deixou de herança. Os cabelos loiros presos num coque mal feito, onde fios rebeldes insistiam em cair sobre o meu rosto. Apesar de estar muito frio, coloquei apenas um calça jeans e uma blusa fina com as mangas longas, o suficiente para não morrer de hipotermia. As botas de cano curto preta mantinha meus pés aquecido, do jeito que minha mãe me ensinou.
Hoje estava pensando muito nela.
Seu cheirinho de frutas e rosas invadiu minhas narinas, e um vento frio arrepiou minha espinha. E por um instante eu senti sua presença, como se ela estivesse me abraçando e acariciando meus cabelos, como da vez que caí de bicicleta.
Saudades e um aperto no peito.
- Mamãe, eu te amo.
As lágrimas escorreu na minha face, e agradeci por não ter passado maquiagem. A saudade dela veio como nos primeiros dias, e fazia três anos que não sentia essa angústia. A sensação de vazio e medo. Afinal, meu pai tentava suprir a falta que sinto dela. E na maioria das vezes ele conseguia. Quando cheguei hoje e disse que iria passar uns dias fora de casa, ele chorou como um bebê. Porém, fez com que o momento se tornasse único e nosso.
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Coração de Papel ( Revisado)
RomanceCartas escritas em pleno século 21 é clichê demais? Ela todos os dias sentava no mesmo lugar, pedia o mesmo café com duas gotas de adoçante e sorria toda vez que via uma carta deixada sobre a mesa. Ele apenas observava de longe, vendo seus olhos co...