Para: Lúcia ❤
Nem meu corpo conseguia aguentar tanta pressão, imagina a mente que está perdida em sentimentos confusos.
Saber que posso ser pai e ter um filho no qual irei criar com todo o amor é carinho que tive dos meus pais, me enche de alegria e satisfação.
Queria que Lúcia sentisse o mesmo. Não me sinto egoísta por querer tentar quantas vezes for necessário. Sei que para ela, o trauma é maior por ter carregado nossa pequena Ana Clara no ventre e ter o desprazer de vê-la morta, a machuca todos os dias. Porém, já se passaram quinze anos. Não tentamos mais desde daquela data.
Deus ouviu minhas orações.
Meus sobrinhos e sobrinhas cresceram e se tornaram adolescentes lindos e saudáveis, e eu e ela continuamos na mesma. Apenas admirando os filhos dos outros.
Quero ter o meu filho.
E no fundo, eu sei que ela também quer ser mãe. Esses dias a peguei acariciando os cabelos da nossa afilhada e cantarolava com ela alguma música infantil. Podia ver a felicidade nos seus olhos e em cada sorriso.
Ela queria ser mãe. E eu apenas queria ser pai.
Como convencer alguém que tem medo de altura, pular de paraquedas?
Ah, se pudesse dizer que seguro na sua mão e ela apenas deve fechar os olhos e sentir a brisa do vento bater no seu rosto, enquanto todo o seu corpo entra em transe.
Eu amo tanto essa mulher.
Ainda continuo a desejando.
E ainda sonho em ter uma família com ela.
- Pedro, desculpa... - Disse, encostada na porta. -... eu sei o quanto quer essa criança, mas por mais que tenha se passado anos e décadas da morte da nossa filha, ainda tenho medo de perder mais um filho. Você sabe que o médico vivi dizendo que minhas gravidez serão todas de risco...
As lágrimas começam a escorrer pelo o seu rosto.
-... e se eu não conseguir suportar mais uma perda e finalmente me acabar?
Poderia apenas permanecer em silêncio e fingir que aquilo não era importante para mim. Porém, era tudo que eu queria.
- Eu estarei do seu lado e nada de ruim irá acontecer com esse bebê.
Lúcia veio correndo me abraçar e começou a chorar desesperadamente. Pressionando seu rosto no meu peitoral e molhando minha camisa com suas lágrimas.
- Não quero perder mais ninguém.
Comecei acariciar seus cabelos loiros que continha alguns fios grisalhos. Ela estava envelhecendo, a mulher da minha vida inteira.
- Vamos tentar pela a última vez. Iremos seguir todas as orientações médicas e o nosso bebê vai vim com saúde...
Afastei seu rosto e segurei seu queixo com o polegar. Acariciando sua pele. Olhando nos seus olhos vermelhos.
-... tenha fé meu amor.
Por um instante eu senti que havia convencido. Mas, não tinha tanta certeza assim.
- E o meu trabalho?
Respirei fundo e decidido.
- Eu mantenho a casa até o bebê nascer. Por enquanto, trabalhe em casa por e-mail.
Ela sorriu de canto.
- Tentaremos a última vez, porque eu te amo.
Beijei seus lábios e pressionei seu corpo contra o meu. Unindo camadas de músculos e átomos que combinam.
- Eu também te amo meu amor.
Sentia uma alegria transbordar dentro de mim. Acariciei seu ventre que nem parecia ter um bebê ali dentro.
- Papai te espera pequeno.
- Pode ser menina.
Sorri meio convencido.
- É um moleque.
Lúcia arqueou uma das sobrancelhas desconfiada.
- Como tem tanta certeza?
- Porque eu tenho. É o pequeno Samuel.
O meu filho.
O meu herdeiro.
A minha carne.Pedro
12 de outubro de 1996
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Coração de Papel ( Revisado)
RomanceCartas escritas em pleno século 21 é clichê demais? Ela todos os dias sentava no mesmo lugar, pedia o mesmo café com duas gotas de adoçante e sorria toda vez que via uma carta deixada sobre a mesa. Ele apenas observava de longe, vendo seus olhos co...