Capítulo IX

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Um capítulo especial ♥
Espero que gostem meus amores!
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Me mantive trancado nos fundos da lanchonete até ela ir embora. As lágrimas escorriam pelo o meu rosto, estava abraçado com os meus joelhos. Eu era um inútil! Um idiota! Um imbecil! Retardado! Que raiva de mim. Por que não falei com ela? Tudo bem que consegui balbuciar alguns grunhidos. Porém, eu percebia o seu olhar confuso e perdido me encarando. A sensação de tê lá me olhando com a imensidão dos seus olhos cor de mel, era ótima. Eu congelaria o tempo para que eternizasse aquele instante com ela. Mas, o nervosismo tomou conta do meu corpo e antes que pudesse controlar a tremedeira das minhas pernas eu caí. Queria me enfiar num buraco e nunca mais saí de lá. Só que, antes que pudesse correr ela esticou sua mão até mim e disse assustada:

-Quer ajuda?

Eu juro que fiquei tentado a sentir o calor da sua pele sob a minha. Juro que tentei ignorar os meus batimentos cardíacos e o meu corpo inteiro trêmulo e transbordando nervosismo e ansiedade. Mas, recusei. Fugi dali. Sem ao menos encarar seu rosto novamente, só corri. E AGORA ESTOU ME SENTINDO UM INÚTIL!

Fui até a pequena janela que dava de frente a sua mesa. E não há encontrei. Senti meu corpo se acalmar e ao mesmo tempo morrer. Porque não falei com ela? Pude ver que levou consigo o envelope vermelho e sorri. Em meio as lágrimas eu sorri e esqueci dessa vergonha e covardia.

-Vai trabalhar Samuel! -gritou meu chefe ao me ver parado sem fazer nada. Mas a minha mente estava uma bagunça.

-Já estou indo!

  Sem dizer nada ele veio até mim e me encarou sério. Como se tentasse me intimidar com aqueles olhos amarelos e o seu mal hálito. Ele era menor que eu, então eu tinha mais vantagens de deixá-lo vulnerável.

-Espero que esteja!
 
Contei até dez mentalmente. Estava a um ponto de perder o meu emprego por quebrar o nariz do meu chefe que não escova os dentes. Porém, me segurei psicologicamente mais uma vez. Mesmo sendo humilhado em cada atitude não viável para o gnomo de cozinha.

-Eu sempre estou disposto.

Sem que ele pudesse me estressar novamente. Dei de ombros e virei as costas e fui até o balcão atender um grupo de pessoas impacientes.

 Dei de ombros e virei as costas e fui até o balcão atender um grupo de pessoas impacientes

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Andava meio pensativo pelas as ruas da cidade. Minha companhia além dos meus pensamentos era a melodia da música Monsters da banda Imagine Dragons.

O vento da tarde atingia fortemente meu rosto, fazendo com que meu corpo inteiro tremesse. Apesar de estarmos em junho, sentíamos a variação do clima. Tentava apagar da minha mente a imagem singela dela esticando sua mão macia para mim. Fui tão idiota por não ter dito nada. Por ter deixado a timidez tomar conta do meu espírito e ser um fracote! Eu iria morrer com aquele sentimento dentro de mim por quanto tempo? Iria me recusar de dizer pelo menos um "oi"? Pelo menos ser capaz de não balbuciar algumas palavras e sim, dizer tudo o que sentia sem vírgulas, parênteses, teorias, metáforas. Apenas dizer:

-Eu estou gostando de você. -sussurrei num tom que apenas eu podia ouvir.

Quando me dei conta, estava na frente de casa. Um sobrado amarelo meio afastado das outras casas. No pequeno quintal havia um jardim que minha avó cuidava todos os dias, suas rosas estavam brotando. O portão de ferro cinza não impedia de ver as grandes janelas de vidro que estavam cobertas por uma cortina vermelha. Apenas eu e minha avó sabia como era o interior da casa. Desde que, me mudei para cá não recebi visitas. Somos apenas nós dois. E eu era feliz com isso. É singular os detalhes da vida.

-Filho, aprenda a dar valor para as coisas pequenas e insignificantes da vida. -disse meu pai certa vez, enquanto mexia no motor do carro.

-Porque pai?

 Ele com aquela sua altura de jogador de basquete me deixava deslumbrado. Ele era meu verdadeiro herói das histórias em quadrinhos.

-Porque isso não é valorizado pelas as pessoas.

 Fiquei sem entender. Na verdade, estava confuso demais.

-E porque eu tenho que valorizar algo que as outras pessoas nem se importam?

 Ele me encarou sério.

-Aprenda uma coisa, seja sempre diferente das outras pessoas. O seu essencial é único.

Fui despertado dos meus pensamentos com um cachorro latindo. Meio desnorteado abri o portão e entrei. Hoje o dia tinha sido puxado em relação há tudo.

-Moço? -ouvi uma voz familiar atrás de mim. Senti meu corpo inteiro tremer. Minha boca estava seca. Minhas mãos ficaram trêmulas e as pernas congeladas. Queria virar e ter certeza de quem era, porém fingi não ouvir.

Comecei a andar em passos lentos e curtos. Se pudesse eu corria dali e me trancava dentro de casa. Mas, meu corpo não obedecia minha verdadeira necessidade naquele momento.

-Eiii?!

Eu me benzi duas vezes e me virei. Senti meu rosto queimar. Era ela. Ali parada em frente ao meu portão. Não era uma alucinação. Não podia ser! Seus cabelos loiros presos num rabo de cavalo, alguns fios caíam sobre o seu rosto pequeno e singelo. Ela usava o óculos de hoje de manhã, e uma roupa que mostrava um pouco das suas curvas. Um short jeans meio rasgado. No qual, deixava suas coxas brancas amostras. Seus seios pequenos estavam bem desenhados numa regata preta. Nas suas mãos existia uma xícara branca, não entendi nada daquilo. Apenas o pavor que existia dentro de mim.

-É você! -disse depois de me encarar por alguns minutos.

 Respirei fundo e contei mentalmente até dez.

-O...o...que você...quer? -disse gaguejando.

Ela sorriu, que sorriso maravilhoso foi aquele. Nunca havia nada igual antes, isso sim era a imagem do paraíso.

-Uma xícara de açúcar para fazer um café. -sua voz realmente era linda. Mas, espera! Se ela esta pedindo uma xícara de açúcar por aqui é sinal que mora pelo o bairro? Como assim? Eu nunca há vi por aqui. Estou me sentindo um IDIOTA!

-Tu...tu...tu...tu... -respirei fundo.

Foca seu merda! Pensei.

-Oi? -disse confusa.

Para de ser idiota Samuel!

-Tudo bem. -falei firme.

Corri até em casa meio desnorteado e fui até a cozinha. Minha avó estava dormindo no sofá de novo. Peguei um pouco de açúcar numa xícara que estava jogada no armário e levei até ela.

-Não precisava de uma xícara sendo que já estava segurando uma. -falou ao me ver trazendo o açúcar.

IDIOTA.

-Desculpe não percebi.

Ela sorriu. Se ela continuasse assim eu iria fazer mais merda.

-Tudo bem.

Ainda com medo fui calmamente até ela. Seu cheiro de rosas invadiu minhas narinas. Que cheiro maravilhoso ela trazia consigo. Entreguei a xícara pela as grandes do portão. E acabei esbarrando meus dedos nos dela. Senti um leve choque percorrer pela as minhas costas.

-Obrigada. -seu hálito era adocicado.

Só tentei sorrir. Mas nem sei se deu certo. Antes que pudesse correr dali, ela virou as costas e dobrou a rua. Ana Helena estava morando perto de mim. Isso era bom? Não sei, do jeito que sou desastrado é capaz de ser uma grande merda. Mas, porque de tantas casas ela veio pedir açúcar justo na minha?

Sorri aliviado. E entrei para dentro de casa. Onde me perguntei porque não pedi seu número...

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Coração de Papel ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora