Para: Lúcia ♡
O melhor dia da minha vida...
Não tinha tanta certeza se realmente estava preparado para olhar para o rosto de Samuel. Porém, meu filhote não quis sabe disso e decidiu vim ao mundo nesta madrugada.
Lúcia acordou aos berros. Reclamando de dores, e aquilo foi o sinal de que, meu bebê estava chegando. Naquele exato momento. Ele não queria mais esperar.
Desesperado, corri de um lado para o outro e liguei para os meus pais e o seus, avisando da chegada do neto. Todos ficaram apreensivos e nervosos. Ainda estavam com medo, por conta da morte da nossa pequena Ana Clara. Mas, eu estava feliz. Sabia que Samuel viria ao mundo saudável e terrível como o pai.
-Nada de notícias dela? -Disse minha sogra preocupada.
-O médico disse para aguardar. Assim que ela estiver em trabalho de parto, eu posso participar.
Amélia simplesmente ignorou o que disse, e se agarrou no braço do meu sogro.
-Fique calmo Pedro. Tudo vai dar certo. -Falou, tentando me animar.
Apenas sorri e continuei andando de um lado para o outro. Nervoso. Aflito. Ansioso.
Meu pai e minha mãe chegaram um pouco mais tarde. E percebi que Amélia ficou nervosa com sua presença. Mas, continuou agarrada no seu esposo.
Neste exato momento o médico se aproximou e todos começaram a falar juntos. Deixando o doutor confuso.
-Quem é o pai da criança?
-Eu! -Falei, levantando o braço.
-Ela já está em trabalho de parto. Vai querer assistir?
-Lógico.
-Então, siga essa enfermeira que ela vai te vestir adequadamente e você pode entrar ok?
Apenas assenti. E comecei a seguir a mulher baixinha e gorda que educadamente me ajudou a vestir as roupas e tentou me acalmar. Dizendo que, já teve quatro filhos e é a coisa mais natural do mundo o nervosismo.
Não conseguia pensar. Não conseguir agradecer. Apenas estava pensando em Lúcia. No meu amor. Apenas nela.
Quando entrei na sala, logo de cara vi Lúcia suada, cansada e querendo desistir. Mas, assim que me viu, sorriu. Aquele sorriso cansado e sereno. Ela precisava que segurasse na sua mão.
-Amor me ajude. -Sua voz ofegante e baixinha.
Corri até onde ela estava e segurei na sua mão.
-Mais uma vez mamãe. -Disse a enfermeira baixinha, que me conduziu.
Lúcia respirou fundo e colocou força. Podia ver a sua veia na testa, pulsar. Seu rosto vermelho.
-Não consigo...
-Você consegue meu amor.
-Mais uma vez mamãe, falta pouco.
Ela olhou para mim, e sorriu. Respirou fundo e colocou mais força. Sua mão começou a apertar a minha, que eu senti que ela queria quebrar meus dedos por punição de ter que deixa lá passar por isso.
-Estou vendo a cabeça. Vai mamãe.
E mais uma vez ela colocou força. Não sei se a dor que Lúcia estava sentindo, era do tamanho da minha ansiedade e nervosismo. Após alguns minutos, meus ouvidos foram embalados por um choro lindo.
-Nasceu mamãe. E é um menino.
Lúcia encostou sua cabeça na maca e sorriu ao ver aquele corpinho pequeno e todo coberto de sangue. Não tinha um cabelo naquela cabecinha pequena.
-Pode segurar seu bebê mamãe. -Disse a enfermeira, entregando aquele coisinha pequena.
Lúcia meio sem jeito, pegou o nosso filho. E eu pude ver com clareza o seu rostinho, aquele olhos pequenos e puxados. Nariz redondinho e empinado que nem o de Lúcia. A boquinha carnuda. Ele era uma mistura perfeita minha com Lúcia.
-Meu pequeno Pedro Henrique. -Disse.
Nosso pequeno não esboçou reação nenhuma. Começou a chorar.
-Acho que ele não gosta desse nome, né Samuel?
O bebê ficou quietinho e sorriu. Lúcia não gostou nada dessa escolha.
-Vai ser Samuel então?
-Acho que nosso filho escolheu.
Ficamos admirando nosso sangue. E por um instante eu percebi o quanto poderia ser feliz com meu anjo de cabelos loiros. Tantos dias, anos e décadas juntos, me fez perceber que não existe Pedro sem Lúcia. Meu único e primeiro amor. ♡
-Eu te amo amor.
-Também te amo.
Nos beijamos e sorrimos ao ver que Samuel estava querendo mamar.
Agora, nosso amor tinha testemunha ♡ Eu, você e nosso pequeno.
Pedro
28 de setembro de 1996
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Coração de Papel ( Revisado)
RomanceCartas escritas em pleno século 21 é clichê demais? Ela todos os dias sentava no mesmo lugar, pedia o mesmo café com duas gotas de adoçante e sorria toda vez que via uma carta deixada sobre a mesa. Ele apenas observava de longe, vendo seus olhos co...