Para: Lúcia ❤
Estamos na contagem regressiva para finalmente nos tornamos um só. Hoje mesmo fui experimentar meu terno, e acredito que você tenha encontrado um vestido lindo que combinasse com o tom da sua pele delicada e quente que tanto amo.
Quanto mais eu penso que posso tê-la nos meus braços sem se preocupar em lhe dar um beijo e sua mãe estar me encarando por trás de frestas e esquinas. Amélia realmente não gosta de mim, e isso me deixa triste. Meu pai teve culpa no que fez com ela, e sinceramente não estou do lado dele. Foi sujo. Asqueroso. Porém, ele era jovem demais e agiu por impulso. Na verdade, nenhum dos dois sentia o que sentimos.
Queria poder um dia ser o genro que sua mãe tanto sonhou para entregar sua única filha. Mas, aprendi que a vida de casado só duas pessoas vivem, e não três.
-Ficou bom Pedro? -Perguntou minha mãe com um vestido horroroso amarelo.
-Está linda mãe. -Disse irônico.
Ela ergueu uma sombrancelha e colocou as mãos na cintura. Sua postura pequena e brava era engraçada.
-Seja sincero seu falso.
Encarei aquele vestido amarelo rodado e cheio de flores coloridas nele. Minha mãe mais parecia um vaso de flor do que, uma mulher de família.
-Está horrível.
-Obrigada por sua sinceridade. -Disse, se sentando na cama enorme de casal que havia no seu quarto.
-Mãe, porque a Amélia nunca irá perdoar o papai?
Ela me encarou com aqueles olhos negros perdida. E após alguns segundos em silêncio, fez sinal para que sentasse entre suas pernas.
-Senta-se aqui.
Andei até o seu corpo pequeno e magro e sentei entre suas pernas finas. Encostando minha cabeça na sua coxa. No qual, logo começou a acariciar meus cabelos.
-Filho, o que aconteceu entre Amélia e o Marcos, foi apenas coisa de dois jovens rebeldes e inconsequentes...
Sua voz era serena e branda.
-...Amélia se apaixonou, mesmo sabendo a fama de seu pai...
Seus dedos brincava com os fios crespos daquela juba. Será que meu filho terá meus encaracolados?
-... Naquela noite, os dois estavam bêbados e haviam dançado muito na discoteca da cidade...
Antes que terminasse de falar, meu pai entrou no quarto. Com aquele cheiro de pão e lenha queimada. Seus cabelos grisalhos e as rugas no seu rosto estavam mais aparentes.
-Boa noite família! -Sua voz rouca e seca.
-Boa noite meu marido. -Disse minha mãe, sorrindo com sutileza.
Me levantei e fui correndo dar a benção ao meu pai. Em questão de respeito e carinho.
-Bença pai.
Ele sorriu com aqueles dentes amarelos e me abraçou.
-Deus te abençoe filho...
Sentir os seus braços no meu corpo e ter a certeza que ele me amava e queria minha felicidade era única. Porém, Amélia não consegue fazer isso.
-... E o casório?
Me afastei dos seus braços e disse animado:
-Falta pouco.
-Espero que sejam felizes.
Ele deu dois tapinhas no meu ombro e foi até onde minha mãe estava. No qual, tocou seus lábios e a abraçou calorosamente. Agora eu entendia porque Marcos não podia ficar com Amélia, ele amava minha mãe. E isso, ela nunca irá aceitar... Não depois daquela noite...
Pedro
18 de agosto de 1980
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Coração de Papel ( Revisado)
RomansCartas escritas em pleno século 21 é clichê demais? Ela todos os dias sentava no mesmo lugar, pedia o mesmo café com duas gotas de adoçante e sorria toda vez que via uma carta deixada sobre a mesa. Ele apenas observava de longe, vendo seus olhos co...