Capítulo XXXVII

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"As vezes o amor só é verdadeiro, quando se tem o ódio envolvido"
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As vezes sentimos o mundo contra nós, sem ao menos ter certeza que existimos nele. Sentir que no fundo todas as incertezas e dúvidas que nos perseguem, são simplesmente diversas maneiras diferentes de comprovar nossa existência. Ser humano é viver na dúvida se realmente é possível ter um preenchimento interior com coisas válidas. Mas, no momento eu estou tentando entender porque Ana Helena me provoca diversas sensações e ao mesmo tempo, me faz se sentir um inútil.

-Samuel, porque está babando em cima das minhas panquecas?

Fui acordado dos meus pensamentos com Amélia me encarando confusa. Sua sombrancelha arqueada e os lábios entre abertos esperando alguma reação minha. Talvez, porque minha saliva caía sobre uma massa queimada que acho que deveria ser de uma panqueca.

-Desculpa vó. -Disse, limpando o canto da boca constrangido.

Ela apenas me encarou e fingiu não se importar com as maluquices do neto.

-Pensando na Melissa?

Respirei fundo e tentei ignorar a pequena indireta de Amélia. Ela sabia que meu encontro com Melissa havia sido um desastre. No qual, apenas trocamos algumas conversas no whatsapp e se tornamos colegas. Porque, nem amigos devemos nos considerar.

-Em ninguém.

Antes que pudesse inserir alguns dos seus comentários maldosos na conversa sutil de café da manhã. Me levantei da cadeira e peguei minha mochila em cima do balcão.

-Já vai trabalhar?

  Assenti com a cabeça e sem olhar para o rosto enrugado de minha avó. Segui por passos curtos e rápidos até a saída daquela casa e respirei fundo antes de girar a maçaneta e lembrar que, daqui a alguns instantes irei encontrar Ana Helena sentada sobre aquela poltrona preta de couro, com os olhos vidrados em algum papel. E só de imaginar isso, meu corpo inteiro se arrepia.

O frescor da brisa da manhã invadia os poros do meu rosto. Sinto o vento brincar com os meus cabelos como uma dança envolvente entre dois corpos. O solado dos meus sapatos sentem o chão esburacado das calçadas de uma esquina qualquer. As pessoas andavam apressadas em direção a alguma coisa importante. E eu, continuava encarando o horizonte vasto e solitário de mais um dia, enquanto a melodia de uma canção melancólica ocupava meus ouvidos...

-Filho, você acredita que um dia irá ser feliz?

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-Filho, você acredita que um dia irá ser feliz?

Minha mãe lavava as roupas enquanto conversava comigo naquela tarde fria de agosto. Seu rosto angelical, desconfiado da minha resposta. O corpo magro e ao mesmo tempo na medida certa.

-Não sei mamãe...

Eu brincava com algumas bolinhas de gude. Sem entender o rumo que essa conversa tomaria.

Coração de Papel ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora