Capítulo LII

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Para: Lúcia ❤
8 anos depois...

Tic tac tic tac...

Meu coração acelera a cada segundo que o ponteiro do relógio marca mais um instante se passando e se perdendo no tempo e passado.

Faz quase meia hora que Lúcia se trancou no banheiro para fazer um teste de farmácia.

Sim, sim, sim, ela pode estar grávida. ❤

Não me pergunte como isso aconteceu, porque nem eu mesmo sei responder. Lógico que tivemos nossas relações sexuais com frequência. Porém, ela estava usando anticoncepcional. Não tinha como isso acontecer, sem o apoio de Deus.

E ansioso sentado nessa cama, espero a sua resposta. Suando frio, espero apenas uma confirmação se realmente é o meu destino ter um filho com essa mulher. coloquei na minha cabeça que se ela não estiver, irei enterrar esse sonho.

Para sempre.

Perdido nos meus pensamentos. Escuto o barulho da maçaneta, e a porta deslizar pelo o carpete. No qual, suas dobradiças estavam rangendo como aqueles filmes de terror.

Olhando desesperado para a figura que ia surgindo vagamente. Seus cabelos loiros presos num coque, vestindo uma camisola vermelha e segurando o teste nas mãos. Sua expressão era de raiva e desgosto, e logo deduzi que meu sonho tinha sido concretizado depois de quase quinze anos da morte da minha pequena.

-Esta grávida?

Sem me dizer nada e em silêncio, jogou o teste em cima da cama e cruzou os braços. Peguei rapidamente aquele canudo e vi duas listras rosas.

Positivo.

Sem me controlar, as lágrimas começaram a rolar sobre a minha face e a alegria me consumiu.

-Finalmente vou ser papai...

Corri para te abraçar, mas você se esquivou antes que encosta-se no seu corpo.

- Infelizmente não vai ser... -Disse ríspida.

Fiquei encarando aqueles olhos claros e vazios sem entender nada. Mas, com uma aflição no peito que doía a alma.

-...vou abortar essa criança.

Fiquei boquiaberto.

- Esse filho não é seu Lúcia... -Disse nervoso.

- Mas, quem vai colocá-la no mundo sou eu! E sinceramente, não quero ter que amar outra criança e tirarem de mim de novo.

Senti um vazio dentro de mim. Ela ainda tinha traumas por conta da morte da nossa filha. O amargo de sentir a dor novamente da perca ainda aflige seu coração.

- Não custa tentar, dessa vez teremos o nosso querido bebê.

Sua expressão continuava séria.

- decidi Pedro, não quero essa criança. -Falou enquanto pegava o teste e jogava na lixeira do banheiro.

- Por favor Lúcia, nossa última tentativa.

Seus olhos lacrimejavam.

- Tentativa? Eu não quero esse bebê. Ele não foi planejado e não será amado que nem minha pequena foi.

Como ela tinha se tornado tão fria? O que houve com a menina doce que me apaixonei?

- Mude de idéia...

Lúcia cruzou os braços e me encarou.

- decidi... ninguém vai me fazer mudar de idéia Pedro. Desista.

Antes que pudesse dizer alguma coisa, ela deu de ombros e saiu. Me deixando aos prantos e com raiva de mim mesmo sem saber como impedir essa loucura. Matar nosso filho. Matar o nosso sonho. Queria apenas morrer, antes de ver isso.

Ou clamar a Deus que venha a me escutar e atender minhas preces. Para que Lúcia mude de idéia e queira ser mamãe novamente.

Como?
Ah meu Deus!
Que ódio de mim mesmo!
Quero apenas esse bebê!
Quero Lúcia feliz...
Quero minha família de volta.

De repente veio uma sensação de paz e amor dentro de mim, que me fez adormecer ali mesmo....

Pedro

11 de outubro de 1996

Coração de Papel ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora