Mais um capítulo da nossa Ana Helena ♥ Estou apaixonada por ela rs♥
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Apesar de estar com aquele pequeno papel entre as mãos, ainda pensava em Samuel. O pequeno selinho precipitado que havia me roubado naquela cozinha, foi um grande erro. Se me perguntarem se senti algo diferente diante dos meus lábios próximos ao seu, iria soltar uma risada e dizer que não. E sim, era a mais pura verdade. Havia visto ele duas vezes trocando palavras e inúmeras outras sem olhar na minha cara. Como só agora ele pode me notar? Sou tão desprezível assim que alguém é incapaz de perceber minha presença? Deve ser isso. Na verdade, é o que quero acreditar.
-Filha, já pensou que o mundo é cheio de mistérios? -disse certa vez quando saiu do banheiro e pude ver o sangramento ao fazer xixi. O câncer de útero já estava no estágio avançando. Muita das vezes acordava no meio da noite ouvindo suas reclamações de dores na região pélvica.
Tentei ignorar o líquido vermelho e viscoso que estava escorrendo pela a sua perna branca e fina.
-Acredito que sim.
Ela sorriu. Seu rosto tão cansado e magro, que seus ossos estavam mais aparentes.
-Ainda acredita filha?
Não queria saber de metáforas ou lições de vida. Queria apenas poder lhe dar um abraço e dizer que tudo iria acabar bem.
-O mundo é cruel.
Margarida abriu os braços e entendi como um sinal para que corresse em sua direção e afundasse meu rosto pequeno no seu corpo. No qual, tinha cheiro de rosas e menta.
-Minha filha, o mundo não é cruel.. -disse acariciando meus cabelos. -...ele só não é tão bondoso como Deus.
Chorei. Havia me desmoronado nos braços de minha mãe naquela tarde qualquer de quinta feira. Esperando que tudo acabasse bem. Três meses depois ela se foi.
Fui acordada das minhas lembranças tristes, com as batidas histéricas de meu pai na porta. Pelo o jeito eufórico deveria ser algo muito importante. Mas, vindo do seu Carlos deve ser alguma pizza de queijo estragada na geladeira. Já que, para ele isso é um pecado.
-Entra! -gritei, guardando o coração de papel dentro da gaveta do criado mudo.
Em questão de segundos, vi a porta deslizar pelo o tapete azul. Aparecendo a figura de meu pai no corredor escuro. Ele segurava em suas mãos alguns papéis, e me encarava surpreso.
-O que acha do seu admirador secreto ter descoberto seu endereço?
Meu coração acelerou.
-Como assim?
Carlos veio até mim e se sentou na cama. Uma distância considerável caso eu queira chutar suas costelas.
-Seu crush mandou uma carta.
Sem que pudesse entender, ele me entregou um papel rosa em forma de coração. Era ele. O meu admirador secreto. Por mais estranho que fosse, eu estava apaixonada por cada palavra escrita por esse estranho.
-Como ele descobriu?
Meu pai me encarou e soltou uma gargalhada alta.
-Pode ser ela viu? E se for uma lésbica?
Revirei os olhos.
-Deve ser um homem.
Carlos pegou um dos meus pés e colocou sobre sua perna. No qual, começou a brincar com os meus dedos. Me lembrei de quando era criança e costumávamos brincar de estalar os dedos, e eu sempre chorava no final.
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Coração de Papel ( Revisado)
RomanceCartas escritas em pleno século 21 é clichê demais? Ela todos os dias sentava no mesmo lugar, pedia o mesmo café com duas gotas de adoçante e sorria toda vez que via uma carta deixada sobre a mesa. Ele apenas observava de longe, vendo seus olhos co...