Capítulo XXXII

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Para: Lúcia

Eu tinha certeza que você era a mulher certa para mim. Desde que, atravessou aquela rua distraída pensando em alguma coisa sem sentido e nem se quer notou minha presença. Ver seus cabelos loiros brincando com a brisa do vento, e poder imaginar sua fragrância doce e azeda invadir minhas narinas e arrepiar os poros do meu rosto.

Eu sabia que era você desde que, fingi um falso atropelamento de bicicleta e gargalhei da sua preocupação comigo. Mesmo não tendo ido me visitar em casa, eu sabia que seus pensamentos estavam voltado para mim. Apenas nós dois.

Eu sabia que era você, quando venci meu medo diante dos olhos de fúria de sua mãe sobre mim e te convidei para ir ao baile da cidade. Mesmo eu querendo apenas desfrutar da sua bela companhia a noite toda.

Sabia que era você quando desviei nosso caminho e te levei para o lugar mais especial que guardo dentro do meu coração. O parque da cidade que está abandonado. E ali, em meio às árvores e barulhos estranhos. Sentindo a brisa da noite arrepiando nossas peles suadas e quentes de tanto amor. Nos entregamos um para o outro. De corpo e alma.

Soube que era você quando olhei nos seus olhos verdes como esmeraldas e ouvi o seu primeiro eu te amo. Sim, sempre foi você.

E agora vendo a assim, vestida num vestido branco, com um véu majestoso e rendas para o todo lado. O rosto angelical e esculpido por anjos, escondido debaixo de um véu transparente. Os cabelos loiros soltos e cacheados. Você estava linda. E mesmo a igreja estando cheia de pessoas queridas e amadas por ambos, meu foco era somente você.

E quando finalmente o padre disse "Vós declaro marido e mulher". Beijei seus lábios com gosto de cereja. Ouvi apenas alguns aplausos e o olhar de fúria da sua mãe sobre mim. Nada de mais. Ninguém estragaria nossa felicidade.

-Espero que cuide dela. -Disse meu sogro ao fim da festa.

-Irei cuidar.

Ele deu dois tapinhas nas minhas costas e subiu as escadas. Todos os convidados haviam ido embora. Lúcia estava na cozinha com a mãe, aproveitando os pequenos instantes que ainda resta com ela.

-Tenho que ir mamãe.

Ela apareceu ainda com o vestido deslumbrante que nos casamos. Apenas sem o véu. E sorriu quando me viu jogado no sofá.

-Tudo bem filha.

Amélia me olhou com desprezo e beijou a testa de Lúcia. Lhe dando um abraço forte e acolhedor.

-Qualquer coisa, chame a mamãe.

Lúcia revirou os olhos com tamanha preocupação.

-Estou casada mãe, não estou indo para o matadouro.

Amélia me fuzilou com olhar.

-Se tratando desse aí...

- bom mãe, Beijos.

Sem que ela prendesse a gente por mais tempo. Envolvi minha mão na sua e saímos daquele lugar. Realmente era um momento constrangedor.

[..........]

-Sua mãe não gosta de mim. - Falei tirando a gravata azul do pescoço.

Lúcia sorriu e soltou os cabelos loiros. Sentando na beirada da cama, exausta.

-Ela vai ter que se acostumar.

-Mas, o clima é chato.

Lúcia se levanta e tenta tirar o zíper do vestido com certa dificuldade.

-Para de falar da minha mãe e ajude eu tirar esse vestido pesado.

Sem pensar duas vezes, vou até ao seu alcance e tiro o seu vestido com delicadeza. Vendo seu corpo branco e nu novamente diante dos meus olhos. Seus seios pequenos e tão bem desenhados. Sua bunda empinada e as costas lisas e cheia de pintas pretas. Realmente encantador.

-Eu te amo. - Sussurrei, envolvendo meus braços ao redor da sua cintura e pressionando minha virilidade sobre a sua bunda. Beijando seu pescoço e ouvindo seus gemidos baixos.

-Também te amo.

Ela se virou e beijou meus lábios. Senti o gosto de bebidas e bolo impregnado na sua língua. Seus seios pressionando meu peito. Num gesto, te levantei no colo. Meio desengonçada envolveu suas pernas ao redor da minha cintura e o nosso beijo ganhava mais intensidade. Eu te amava. E tinha certeza disso... Quando vi seu rosto sereno ao dormir depois de uma noite de amor.

Pedro

26 de agosto de 1980

Coração de Papel ( Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora