"As vezes o que sentimos apenas são medos reprimidos"
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Ana me olhava sem graça e com medo de se engasgar nas próprias palavras. Seus olhos brilhavam depois de tanto chorar, e seu rosto vermelho e inchado. demonstrava seu pavor diante do que estava prestes a me contar. Os olhos borrado de preto, destruindo uma maquiagem feita com tanto cuidado. E a certeza de que, não seria nada fácil ela confidenciar tal segredo em minhas mãos.
- Tem certeza que quer saber? -Perguntou mais uma vez.
-Quero sim Ana.
Ela tossiu algumas vezes e evitou olhar no meu rosto, enquanto ensaiava as palavras certas.
-Tudo começou quando fui para o colegial...
Sentia minha boca seca, com medo do que iria ouvir. Porém, não tinha mais como voltar atrás.
-...eu não era a mais popular, era só uma menina que tinha muitos amigos e querida entre eles.- Ela fez uma pequena pausa. - ...pelo menos eu achava isso. Andava mais com um grupo de meninas que conheci por acaso...
Ana transpirava de nervoso e gaguejava algumas vezes.
-...éramos em quatro. Melissa era a mais engraçada, não importava onde estávamos, ela sempre fazia uma palhaçada...
Percebi que falar dela, deixava Ana feliz.
-Melissa é a que me indicou para você?
Me lembrei do meu encontro com ela, e o quanto me divertir. Mesmo sabendo que ela estava gostando de mim, e só estava ali por que minha avó tinha obrigado.
-...sim,tinha me esquecido que a conhecia...
Ana sorriu e continuou a contar aflita.
-...Agatha era mais intelectual, o tipo da amiga nerd que quase todos do colégio humilhava, mas mesmo assim continuava firme. Ah, que saudade ela...
Lágrimas começaram a rolar sobre a face dela. E falar em Agatha deixava Ana triste.
-...mas, tinha a Sabrina...
Seu tom de voz de mudou.
-...a mais bonita e desejada por todos os garotos, mas que não dava bola para nenhum.
-Porque não? -perguntei enquanto tomava um gole do meu café.
Ana me olhou séria e respirou fundo.
-Porque ela namorava comigo.
Quase me engasguei com a cafeína que descia rasgando pela a minha garganta. Fiquei em choque num estado que nunca achei que ficaria mais. O amor da minha vida era lésbica? Não sabia o que pensar, e tinha certeza que minha expressão não era das melhores. Meu coração estava acelerado e ao mesmo tempo aflito.
-Co...co...como assim?
Ana me olhou firme. Criando uma coragem de encarar meu rosto sem demonstrar nenhuma vergonha. Talvez, uma barreira para que eu não a machucasse.
-Eu namorei a Sabrina, que aliás é a secretária que hoje me odeia...
Agora sim eu tive um ataque e voltei. Sabrina? aquela mulher vulgar que vive dando em cima de mim? que a Ana demonstra ciúmes? será que era meu ou dela? que confusão.
-...eu e Sabrina, nos apaixonamos naquela época, foi algo que aconteceu como pegar num sono, devagar e de uma vez só.
Era engraçado o que estava ouvindo daqueles lábios que acabei de beijar sedento de amor e desejo. Não estava sentindo nojo dela, mas é algo que fico surpreso. Meus pais sempre me ensinaram a respeitar todas as formas de amor. Porém, esqueceu de me avisar que doí quando sabemos que esse amor é o que abriga no nosso coração.
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Coração de Papel ( Revisado)
RomanceCartas escritas em pleno século 21 é clichê demais? Ela todos os dias sentava no mesmo lugar, pedia o mesmo café com duas gotas de adoçante e sorria toda vez que via uma carta deixada sobre a mesa. Ele apenas observava de longe, vendo seus olhos co...