Entrada IV

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Oi de novo

Más notícias. Lúcio chegou bêbado em casa pela segunda vez essa semana. Como agora estou ficando em casa a maior parte do tempo, quase sempre escuto ele sair pra trabalhar, e, geralmente, vejo ele voltar porque agora estou indo pra faculdade um pouco mais tarde. A primeira vez foi no começo da semana. Eu estava saindo e ele, chegando. A gente se cumprimentou e logo eu senti o cheiro de álcool. Ele estava andando devagar e se segurando nas paredes. Achei estranho, mas não falei nada, até porque já estava meio atrasado. Ontem foi pior. Era sexta; eu tinha voltado da faculdade há pouco tempo; minha mãe já estava dormindo, eu acho. Por óbvio, pensei que o Lúcio estivesse com ela, então fui jantar um pouco, dar uma olhada no Facebook e, depois, fui pra sala. Como estava tudo calmo e silencioso, crendo eu que todos dormiam, aproveitei a tela grande da TV da sala e sintonizei o canal pornô pra bater uma antes de dormir. Deixei o volume no mudo e estou lá bem sossegado me masturbando (o filme era com a Jenna Haze, por sinal). Faltando pouco pra eu gozar, ouço a porta da sala abrir. Primeiro, praticamente pulei de susto e meu coração foi lá na boca, afinal eu pensei que estivesse todo mundo em casa e dormindo. Se ele tivesse sido um pouco menos ruidoso, teria me pego no flagra. Sorte que ele fez barulho e eu escutei. Guardei meu... membro, mudei de canal rapidinho e, pouco depois, ele passou por mim, visivelmente alterado. Ele me cumprimentou e falou alguma coisa ininteligível, que eu fingi concordar com a cabeça. Com muita dificuldade, ele subiu as escadas. Deixou cair a maleta na metade do caminho; fiquei só olhando. Ele deve ter passado a noite bebendo e certamente não foi em qualquer boteco.

Na manhã de hoje, acordei com a briga dele com a minha mãe. Ela querendo saber onde ele passou a noite, que ele só chegou de madrugada, e que ele estava traindo ela e danou a chorar. E gritando; um competindo com o outro quem gritava mais alto. Claro que ele venceu. Fiquei só escutando. Depois, à tarde, quando ele não estava mais em casa, fui falar com a minha mãe e ela acabou admitindo que, de fato, eles andavam brigando muito ultimamente e que era por causa da bebida; que ele vinha bebendo demais nos últimos tempos e ela estava preocupada. Daí ela já aproveitou e meio que desabafou comigo. Realmente, minhas suspeitas não eram só suspeitas. Mas o que é que eu posso fazer? Minha mãe (é Leonor o nome dela, eu já disse?) não vai se separar dele; ela morre por causa dele, e acho que eu, ao contrário, estou começando a desenvolver uma grande antipatia por ele. Espero do fundo do meu coração que isso tudo seja só uma fase ruim. De qualquer forma, vou ficar atento.

Transei com a Analice de novo essa semana. Convite dela. Espero que ela se canse de mim logo, porque, enquanto ela ficar se insinuando, eu não vou conseguir resistir, e ainda não encontrei um jeito de afastá-la sem parecer grosseiro ou cafajeste. Diz o Bruno que, se ele não me conhecesse, me acharia “bem viado” por recusar uma menina que todos os caras querem. Mas não é, é questão de prioridades. E de auto-zelo também. Diz ele que ela é legal, mas quem é que vai saber? A mim ela me cheira encrenca, e é exatamente disso que eu não ando precisando nem um pouco. Vou pensar em um jeito de dar um chega pra lá nela daqui a um tempo.

Por ora é isso. Volto em breve. Orrevuá.

Vincent (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora