Oi de novo
Pensei que eu demoraria mais pra voltar. Não se passaram nem dez dias desde aquela vez... Mas até que as coisas não estão tão más. Essa semana que passou foi semana de provas na faculdade, ainda não sei como me saí. Mas estudei bastante; espero que ajude. Fora isso, teve festa na casa do Felipe também e aí entra o que eu quero contar.
Felipe não é meu amigo, é amigo do namorado do Bruno; Bruno é meu amigo. Nós dois estávamos nessa festa, então nos encontramos lá sem querer. A gente já se conhecia de vista e tal, mas nunca nos falamos, até porque ele parece ser meio... não sei. Ele bebe demais, mexe com drogas e eu não curto essas coisas, por isso nunca nos falamos nem nada. Enfim. O lance é que, nessa festa, também estava a Analice, irmã do Felipe. Analice também é bem amiga do Bruno, mas nós não fazemos parte do mesmo grupinho. Faz algum tempo já, não me lembro quanto. Eu e a Analice nos encontramos numa outra festa, na república em que o Bruno morava antes de morar sozinho, e acabamos ficando. Isso faz o quê? Uns dois anos? Não lembro. A gente se beijou no banheiro, rolou uma mão boba aqui, outra ali, mas nada além disso.
Pois é. Dessa vez a gente estava na casa dela. Conversa vai, conversa vem, a gente começou a se beijar e tal. Eu tinha bebido pouco; ela, não sei. Sei que, em certo ponto dos nossos amassos, ela me puxou pelo braço e disse “vamo ali”. Fui, né? Ela foi na frente me guiando pelo braço e subiu as escadas rapidinho. Os pais dela tinham ido viajar; não tinha mais ninguém lá em cima. A casa dela é grandona, mó chique. Ela também tava bem bonita, embora estivesse faltando pano ali. Não que eu esteja reclamando, hehe. Daí ela continuou me puxando pelo braço e no final das contas ela me levou foi pro quarto dela. Muito louca essa mina, sério. Me levou pra dentro do quarto e começou a me beijar toda assanhadinha e em dois tempos tava com a mão no meu pau (desculpa o palavreado, caderno; não dá pra escrever “pênis” ali). Eu não estava preparado praquilo. Não, não nesse sentido que você pensou, mas no sentido de que eu não pensei que fosse transar aquela noite, então fui pra festa desprevenido.
E, olha, as coisas escalaram rapidamente. Ela tirou a mini blusa, abaixou a saia e logo estava só de lingerie. Trancou a porta do quarto, que estava só encostada, e depois veio pro meu lado tirando a minha roupa também. Eu já tava a ponto de bala. Analice é gostosa daquelas que chega a ser falta de educação, sabe? E não digo só fisicamente: ela tem um corpo bonito, sem exageros, no ponto, mas o que completa é o jeito, o olhar... Ela faz uma cara de safada que é de matar qualquer um. E eu tava lá, doidinho pra meter, é óbvio. “Cê tem camisinha aí?”, eu perguntei, já que não tinha nenhuma na carteira. “Tenho; peguei do Fe”, ela disse antes de me jogar na cama e sentar em cima de mim. Eu passando as mãos pelo corpo dela por onde meus braços alcançavam e ela me olhando com um sorrisinho bem estranho. “Mas tem uma coisa”, ela disse. “O que é?”, perguntei disposto a negociar qualquer impedimento que ela propusesse. Depois de certo silêncio e de eu insistir duas vezes pra ela falar, ela disparou: “É que eu sou virgem”.
Eu ainda não sei o que me impediu de perder a ereção naquele momento. Deve ser porque a coisa toda tava mesmo muito boa. Mas, meu: uma menina toda gostosa daquela chegar na hora H e dizer que é virgem? Quase falei “duvido”. E outra: na minha cabeça, virgindade era um negócio mais valioso, no sentido de ser mantido pra perder com alguém especial. Eu não era amigo dela nem nada, a gente ficou só uma vez... Por que eu?
“É sério isso?”, eu perguntei. “É, sim...”, ela respondeu, agora parecendo meio envergonhada. Por mais que eu estivesse tentando ser cavalheiro, na medida do possível, tive que perguntar: “E tem certeza que quer fazer... isso comigo, aqui, agora?”. Ela fez que sim com a cabeça e eu ainda estava tentando me programar, no improviso mesmo, pra prosseguir com aquele rito. Que eu me lembre, eu nunca tirei a virgindade de nenhuma menina, e não sei se esse é exatamente o sonho dos caras por aí. Não era o meu, pelo menos. Mas, já que estava ali e o tesão ainda não tinha ido embora, segui com a cerimônia.
Acho que posso poupar os detalhes aqui, mas devo reconhecer que as inúmeras horas de pornô que eu devo ter passado assistindo desde os treze anos não foram desperdiçadas. Começamos pelas preliminares, canonicamente, e desde aí a virgindade dela se mostrava genuína: Analice é uma boneca de porcelana; beija muito bem, tem uma bundinha linda, mas de boquete não entende nada. Espero que na vida dela, um dia, ela encontre alguém que a avise que não basta abrir a boca sem mostrar os dentes e ficar pondo e tirando o negócio na boca como se estivesse brincando de esconde-esconde. Mas deixei ela achar que estava mandando muito bem, afinal não seria eu a ensiná-la como chupar um pênis satisfatoriamente. Só me certifiquei de, na minha vez, ser um pouco mais eficiente, porque vai que ela fica de mim com a mesma impressão que eu fiquei dela? Tenho que zelar pela minha reputação.
Mas sim, quando chegou o grande momento, com todo cuidado, deitei-a numa posição que parecesse mais confortável pra ela e fui, devagar quase parando, sempre observando a cara dela e aquele lençol terrivelmente branco que cobria a cama (e que eu em hipótese alguma falaria pra ela tirar pra não manchar. Ela devia ter pensado nisso antes, né?). E lá fui eu. E ela fazendo uma cara que eu não sabia se era de medo ou de dor ou de prazer ou de tudo um pouco. Tentei penetrar pela primeira vez e a careta dela piorou. Parei e esperei, até que ela consentiu com a segunda tentativa. E fui de novo, e ela gritou. Baixo, mas gritou. Eu respirei fundo. Eu só queria trocar o óleo, tirar o atraso, meu Deus; não queria estrear a menina. E assim foi por mais umas três tentativas, até que o hímen finalmente cedeu e a gente saiu daquela peleja travada. Depois disso foi só alegria. Ela nem sangrou tanto assim. E não foi a melhor transa da minha vida, mas valeu a experiência. Depois ela ficou toda dengosa pra cima de mim, mas eu não sei se estou a fim de me envolver, não. Com essas coisas estranhas que estão acontecendo aqui em casa, faculdade e trabalho, acho que o melhor que eu faço é ficar solteiro. Não sei se ela comentou alguma coisa com alguém, mas eu, pelo menos, fiquei bem quieto; não falei nem pro Bruno nem pra minha mãe nem ninguém. Estou te contando agora porque você não faz fofoca. Vai que ela não quer que ninguém fique sabendo? Se isso se espalha, depois o filho da puta vou ser eu. Melhor ficar calado.
Acho que isso foi o mais legal que aconteceu nos últimos dias. As coisas aqui em casa estão em stand by. Tô de olho, mas ainda não aconteceu nada preocupante. Vamos aguardar. Nesse final de semana acho que vou pra casa da minha avó, mãe do meu pai, passar o final de semana. Anteontem terminei de ler “Orgulho e Preconceito”. Indicação do Bruno. Ainda não sei se gostei; achei aquele Mr. Darcy bom demais pra ser verdade. Mas a história não é ruim não; só estou digerindo ainda. Amanhã é sexta, dia de beber. Se alguma coisa legal acontecer, eu volto, senão, qualquer hora a gente se fala. Tchau!
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Vincent (romance gay)
General Fiction::: LIVRO COMPLETO ::: Daniel é um jovem de vinte e um anos que mora com a mãe e com o novo padrasto em um bairro de classe média da cidade fictícia de Taigo. Daniel leva uma vida tranquila, mas essa tranquilidade logo é abalada quando o jovem per...