Entrada XIV

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Fala, caderno.

E aí, cara? Como é que vão as coisas? Tive uns problemas aqui na vida real; coisas da faculdade e outras paradas; acabei ficando mais de uma semana sem escrever aqui. Mancada. Foi mau. E uma pá de coisas aconteceu nesse tempo aí... “Uma pá” não, mas aconteceu. Uma coisa meio que levou à outra, sabe? Mas calma: vamos aos poucos.

Como eu disse da última vez em que escrevi aqui, me ligou um cara querendo fazer programa comigo e com a mulher dele, lembra? Então. Marcamos pro dia seguinte ao da postagem. Foi à tarde, pouco antes das seis. Ele saiu do trabalho, me pegou na Mesquita e nós fomos pra casa deles. Moram ele e a mulher, só; sem filhos nem cachorros nem nada. Esses não eram cheios da grana, não. Assim: não posso dizer com certeza, mas, levando em conta que o Bartô me levou pra cobertura de um flat, esse casal era bem classe média-média. Moravam meio longe numa casa mais ou menos... Mas tinham carro, pelo menos. O cara era um negão — sem racismo, mas com ênfase. Não era aquele negro lustroso, mas um marrom bem escuro, fosco... Mas não era feio, não. Só fiquei com medo de ele querer me comer à força, aí eu tava fodido, literalmente. Conversamos pouco. Ele só me falou que estava casado há seis anos e que trabalhava de personal trainer numa academia lá no centro. Quando chegamos na casa deles, a mulher estava na cozinha preparando café. Ela era loira, bem gordinha (“bem gordinha” pra demonstrar que ela estava razoavelmente acima do peso, mas que a gordura era bem distribuída) e bastante sorridente, e tinha um leve diastema nos dentes da frente, tipo Madonna. O cabelo loiro era tingido, mas muito bem cuidado. Tinha cara de professora de ensino fundamental; muito... sei lá, fofinha, ela. O marido também não era feio, não: era um negão bem boa pinta. Ah, eu já falei isso, né?

“Você aceita café, Vincent?”, ela ofereceu. Eu aceitei. Ficamos os três tomando café na cozinha, enquanto ela e o marido conversavam normalmente. Eu, como não fazia parte de nada ali, fiquei escutando a conversa sem me intrometer, só tomando o café na minha. Eles pareciam se dar muito bem. O cara (vamos chamá-lo de Mauro) era bem sério, ao contrário da... Luísa, que tinha uma energia muito boa. A voz era um pouco aguda demais pros meus tímpanos, mas ela parecia ser uma esposa bem cuidadosa. A aliançona de ouro brilhava na mão dos dois. Eles faziam um casal bacana, apesar dos contrastes: ela, gordinha, baixinha e loira; ele, sarado, alto e nigérrimo. Os dois não deviam ter mais do que trinta e cinco anos. Quem olhasse, pensaria que eles eram um casal normal. E eram, mesmo, ora. Eu só ainda não havia descoberto o que queriam comigo.

Depois que terminamos o café, ela perguntou pro marido: “Já quer começar, amor?”. E ele respondeu: “Sim; vamos, que o Vincent deve ter mais cliente pra atender”. Naquele dia eu não tinha, mas não me opus a começar na hora, fosse lá o que nós fôssemos começar. Dado o consentimento de todos, fomos pro quarto do casal. Lá, tudo muito arrumadinho. Deu pra ver que a Luísa era uma mulher bem menininha. A casa era cheia de cor de rosa, de enfeitinhos, de tapetinhos, de florzinhas e de todo tipo de frufru. Mauro foi até o guarda-roupa, pegou o dinheiro do programa e já me pagou. Guardei no bolso e aguardei as instruções. Perto da cama tinha uma poltrona. Enquanto se sentava, Mauro me explicou: “Quero que você coma a minha mulher”. Disse tranquilamente, cruzando as pernas horizontalmente. Olhei pra Luísa e ela estava sentada na cama com as pernas dobradas de lado e o mesmo ar risonho. Pelo jeito dos dois, parecia que aquela não seria a primeira vez que contratavam alguém praquilo. Depois ele continuou: “Pode fazer tudo do seu jeito, só toma cuidado pra não machucá-la”. “Só isso? Você não vai participar?”. Que pergunta imbecil. Ele só fez que não com a cabeça e continuou na mesma posição.

Olhei pra Luísa e ela sorriu, convidativa. Ela tinha uma cara muito bonitinha e era muito delicada. Me aproximei dela e, já que era pra fazer do meu jeito, comecei por beijá-la. Ela retribuiu. Tinha um beijinho gostoso, ela. Logo ela tirou a blusa, eu ajudei com o sutiã. Comecei a acariciar os seios dela, que eram bem fartos, e logo meu bem precioso deu uma fisgada. Ahh, como era mais fácil daquele jeito! Tirei a camiseta e o cinto. Fiquei um pouco tímido com o Mauro olhando pra nós, mas isso não foi problema; logo passou. Deitei-a na cama e comecei a beijar os seios dela. Daí fui descendo e cheguei ao meu destino. Ela já estava ficando úmida. Ajudei-a a tirar a calcinha e fiquei uns bons minutos lá fazendo oral — minha parte favorita, confesso. Ela também parecia estar gostando. Depois, quando fui penetrar, tirei a calça, a cueca e ela me passou o preservativo que pegou dentro do criado mudo. Quando fui me posicionar, olhei rapidamente pro Mauro e ele estava se masturbando.

Preciso parar aqui pra comentar isso. Usando as indeléveis palavras do Felipe: “que pau da hora”. Eu nunca tinha visto pau de negão pessoalmente; aquilo foi meio que um choque pra mim. Aquela história de que eles são mais avantajados que os outros é a mais pura verdade — pelo menos pro Mauro. Devia ter pelo menos uns 20cm ali. Era da cor da pele mesmo, com a cabeça levemente arroxeada. Era impossível não olhar. E era, tipo, bonito, sabe? Digo, o formato. Era bem reto, proporcional, não fazia curva pros lados, e o punho dele em volta daquele negócio mal chegava à metade da extensão toda. Confesso que fiquei com um pouco de inveja. Daí fiquei pensando: um cara com uma pica daquele tamanho: por que ele queria ver a mulher dele transando com outro? Coisa de louco, né? O que é que explica esses fetiches?

Percebi que já estava ficando indiscreto e parei de olhar. Voltei minha atenção pra Luísa e ela se ajeitou na cama. Fui pra cima dela, coloquei a camisinha e fui penetrar. Coloquei um braço de cada lado dela e comecei as estocadas. Tava muito bom; ela era toda macia. Fechou os olhos e começou a gemer de acordo com o meu ritmo. Mudamos de posição umas duas vezes e, quando eu já estava meio cansado, paramos um pouco; eu me ajoelhei ao lado dela, tirei a camisinha e ela começou a me chupar. Fiquei lá curtindo o boquete e aproveitando pra dar umas olhadas no Mauro, que continuava lá imóvel, sem dar um pio, só observando e batendo uma, na dele. Quando voltamos pra penetração, ele se levantou, tirou a roupa e subiu na cama. Parou ao lado da Luísa e colocou o membro na direção do rosto dela, pra ela chupar enquanto eu a penetrava naquela posição que eu sempre me recuso a me referir segundo a terminologia sexual popular por achar horrível a imagem mental que me ocorre ao dizê-la, muito embora eu reconheça que a analogia seja precisa: a mulher deitada de costas com as pernas afastadas e os joelhos dobrados em direção ao peito. Preciso registrar, também, que o negão tinha um corpo filhadaputa; parecia aquelas estátuas romanas, com exceção de que os escultores naquela época eram bem mãos de vaca na hora de esculpir o pinto dos caras.

Bem, ela estava entre os meus braços de novo, e ele a tipo meio metro de mim. Era impossível não fitar aquele negócio enorme entrando e saindo da boca dela enquanto eu a estocava — impossível especialmente porque estava bem na minha frente. Ela estava meio sem coordenação, percebi, não sabendo bem se olhava pra mim ou pro Mauro, e gemendo, e eu lá fazendo meu trabalho e olhando pro pau do cara. Quando ela já estava ficando sem fôlego, tirou o rosto do rumo daquilo e ficou olhando pra mim com a boca entreaberta, franzindo o cenho. E eu olhando pro negócio do cara, agora balançando livremente sem a mão da Luísa segurando. Acho que tava muito na cara a minha admiração; tão na cara que ele disse em tom natural: “Pode pegar, se quiser”. Fiquei meio “assim” mas ah, tava só nós três ali mesmo, o que é que tinha? Me apoiei na cama com uma mão só e, com a outra, fui tocar uma pro negão. Minha mão quase não fechava em volta daquilo; era muito grande e consideravelmente grosso. Tinha uma textura diferente do meu; tinha mais pele, eu acho, e era meio que... macio. Sei lá, era bom de pegar. “Quer chupar?”, ele ofereceu, mas aí eu recusei prontamente. E eu não queria mesmo, só queria pegar pra saber como era. Depois a Luísa voltou pro boquete e eu continuei meu serviço. 

E assim foi. No final, ejaculamos nós dois sobre os peitos dela, um de cada lado, e ela continuava com a mesma cara de riso. O negão também deu um sorriso pra ela e depois eles se beijaram. Eles faziam um casal bacana, já falei? Não conversamos muito depois que acabou. Ele me trouxe de volta pra Mesquita. Com o dinheiro do programa, passei na padoca e, aproveitando que não ia ter aula, comprei uns negócio da hora pra fazer uma janta lá em casa. Mas essa história da janta eu vou deixar pra próxima entrada, que agora eu já tô com sono e vou caçar o rumo da minha cama. Depois termino de contar. Boa noite! 

Vincent (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora