Entrada LXIII

1.4K 181 1
                                    

Fala, caderno.

Passando aqui rapidinho porque hoje eu tenho boas notícias, finalmente: o desgraçado foi condenado. Ai ai... Longo suspiro. Recebi a notícia pela minha mãe e depois o Paulo me explicou mais algumas coisas que eu não sabia (esse julgamento meio que virou fofoca lá no meio jurídico, parece). Lúcio foi condenado por todos os crimes de que fora acusado e expulso da polícia. O advogado deve ter conversado com ele e sugerido que ele confessasse logo em vez de ficar se alegando inocente, porque foi isso que ele fez: revelou o esquema todo e ainda entregou os envolvidos que não haviam sido localizados até então. Não sei o que vão fazer com esses. Por ter confessado e entregado os outros membros da quadrilha, por ter bons antecedentes e não sei mais por que, a pena dele não foi máxima. Queria mais é que ele apodrecesse na cadeia, mas vinte e dois anos de reclusão já estão de muito bom tamanho. Parece que ele vai ficar em uma penitenciária aqui em Taigo mesmo. Eu não o vejo desde o dia do meu depoimento; minha mãe tem o visitado, mas eu não faço questão de saber das notícias.

Falando em minha mãe, ela não tá nada bem, como era de se esperar. Apesar de tudo, eu sei que ela ama o desgraçado e que a barra tá meio pesada pro lado dela. Eu já falei que ela devia procurar um psicólogo e fazer um tratamento, mas ela é daquelas que acha que quem vai pra psicólogo é quem tem problema na cabeça. Ainda não consegui convencê-la de que não é bem assim, mas sigo tentando. Minha mãe tem a mente aberta pra algumas coisas, mas é uma verdadeira toupeira pra outras. Paciência.

Esse foi o último acontecimento relevante dos últimos dias. Tirando isso, tá tudo dentro dos conformes. Eu e o Bruno estamos bem, por incrível que pareça. Acho que dessa vez a gente se entendeu de uma vez por todas, e que isso de não ficar tentando definir o que nós somos ou vamos ser foi a melhor decisão que já tomamos. Estamos sendo eu e ele, vivendo um dia de cada vez, fazendo as coisas que a gente normalmente faz. E eu não poderia estar mais feliz, é claro. Acho que posso dizer que essa história com o desgraçado acabou, finalmente. Era só isso que faltava pra minha alegria ser completa. Por mais que ele esteja preso no quartel, parece que não é o bastante, sabe? Mas logo ele é transferido e eu vou ter paz enfim.

Vou sair aqui, que daqui a pouco eu preciso atender. A gente se fala qualquer hora, tá? Abraço!

Vincent (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora