Entrada XXXI

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Fala, caderno!

E aí? Tudo tranquilo? Que bom. Por aqui também tá, graças a Deus. Hoje aconteceu coisa boa; vim aqui correndo contar, porque, ultimamente, tem sido raro coisa boa acontecer, hehe.

Uma mulher me ligou ontem. Jovem, pela voz; não devia ter trinta anos. Queria marcar um programa comigo e com...? com...? com...? com a namorada. Namorada. Sim, caderno, um casal de lésbicas pra mim! É uma bênção ou não é?! Fiquei curioso pra saber o que é que um casal de lésbicas queria comigo, mas ela já foi logo me explicando: era aniversário de dois anos de namoro e a namorada dela pediu isso de presente. Pelo que entendi, a namorada tem uma veia hetero, ainda; a que me ligou não: parecia ser puro sangue. Mas não sei. Marcamos o programa pra tarde.

Diferentemente da maioria das vezes, uma delas (a que me ligou, puro sangue) veio me buscar na Mesquita de moto. Muito estilosa, a menina. Devia ter uns vinte e seis, sete anos. Cheia de tatuagens. Branquinha, uma mecha azul no cabelo, muito da hora, ela. Subimos e fomos pra casa da namorada, que ficava pra lá do centro. A outra menina, da veia hetero, era loira natural e tinha olhos cor de mel. As duas eram bem bonitas, pra falar a verdade, e eu estava muito empolgado, porque, com vinte e um anos, faria meu primeiro sexo com duas mulheres! Não sei se isso é motivo pra comemorar, mas sei lá, acho que essa idade é meio tenra pra se fazer esse tipo de coisa, não? Pelo menos entre os caras que eu conheço, acho que ninguém passou por isso ainda... Apesar de que hoje em dia as coisas acontecem tão rápido, né? Nunca se sabe. Enfim. A loirinha sorria bastante (tô com preguiça de inventar nomes hoje; vamos nos ater aos cabelos: “a loirinha” é a da veia hetero e “azulzinha” é a outra, que me trouxe de moto, ok?); parecia estar achando aquilo muito divertido. A da mecha azul também sorria, mas era um sorriso mais sério (?). Eu também sorria, mas meu sorriso era diferente. O quarto da menina era legal, meio esotérico, cheio de fadinhas e duendes e tal.

“A <nome da azulzinha> já te contou a história?”, a loirinha perguntou. “Mais ou menos...”, respondi, “É aniversário de namoro de vocês, né?”. Elas confirmaram. “Parabéns... Mas por que um garoto de programa pra transar com vocês? Vocês não são lésbicas?”, perguntei, tentando entender melhor o que estava prestes a acontecer. “Sim”, a loirinha interveio, “mas eu gosto de transar com homens de vez em quando... A <nome> não curte muito, mas eu pedi de presente e ela topou”. “Eu não tenho problema em transar com homem”, a azulzinha retificou, “só não vejo graça em pica”. “Ah, eu vejo”, a loirinha retrucou, “O pênis é um órgão muito dinâmico. Imagina só: o negócio fica duro porque enche de sangue e, depois, murcha quando o sangue volta... Não é o máximo?”. E aí elas começaram uma maravilhosa digressão filosófica sobre as peculiaridades do pênis, da vagina, do sexo hetero, do sexo lésbico, do sexo gay... Minha participação foi modesta, porque as duas estavam num nível tão profundo de troca de pensamentos que era difícil alcançar sem parecer idiota. Isso durou uns vinte e cinco minutos, até que a loirinha se tocou (“se tocou” é bom, hein?) e disse: “A gente tá tomando o tempo do Vincent. Vamos logo pro que interessa?”. Não que a conversa estivesse ruim, mas, de fato, eu tinha outro cliente mais tarde e não dava pra ficar ali o dia inteiro.

A loirinha, percebi, era mais avant garde do que a azulzinha. Foi logo tirando minha roupa e se apossando de mim. Ela tinha corpo de bailarina, ou de modelo, mas não era tão alta. A azulzinha tinha um corpo da hora também, mas não era tão magra; tinha mais carne. E, meu, duas mulheres em cima de mim! Ah, o paraíso! A loirinha era toda meiga: tirou minha camiseta com cuidado, me deitou na cama e foi beijando meu corpo, passando pela boca, pelo pescoço, pelo peito, até chegar aonde mais me interessava. A azulzinha demorou um pouco mais pra participar da situação, e a participação dela foi mais discreta. Não me beijou: ficou mais fazendo carinho no meu corpo enquanto a loirinha me chupava deliciosamente (essa sabia o que fazia, viu? E como sabia!). Depois a azulzinha se juntou à namorada e, meu, duas bocas te chupando ao mesmo tempo deve ser a sensação mais maravilhosa que um homem pode sentir nesta vida. Fiquei olhando por cima da barriga e as duas pareciam fazer meu bem precioso de microfone: a loirinha segurava, olhando bem nos olhos da azulzinha, e chupava; depois, sem soltar, levava até a boca da azulzinha; e depois uma chupava de cada lado, e depois elas se beijavam com meu bem precioso no meio, AHHH QUE COISA MARAVILHOSA! Tive que pedir pra elas irem com calma ou eu ia gozar antes de sair das preliminares!

Vincent (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora