Boa noite, amiguinho.
Como vamos? Muito bem, obrigado? Ótimo. Aqui também vai tudo muito bem, graças ao bom Deus. Depois de muitos dias, venho aqui para falar de um programa. Mas não um programa qualquer: um programa envolvendo participações especiais, se me permite.
Hoje de manhã me ligou uma mulher. Você sabe que é raro eu atender mulher, mas, de vez em quando, acaba acontecendo. Conversamos durante um tempo e o que ela queria era muito simples (“muito simples”): me ver transando com outro cara. Daí você pensa que eu já perdi as contas de com quantos caras eu já transei e seu raciocínio está correto, mas a mulher—vou chamá-la de “Donatela”, porque, quando a vi, achei ela a cara da Donatella Versace (com menos botox, é claro)—Donatela queria: 1) me ver transando com outro cara; 2) eu teria que escolher quem seria o cara; 3) ele teria que ser da minha faixa etária; 4) se fosse sem camisinha, ela pagaria o dobro; 5) se eu fizesse ativo e passivo, ela pagaria o triplo. Agora faça as contas. Quase 500 contos por uma hora e poucos de sexo sem a participação dela. Uma barganha, não? Agora pensa mais um pouco. Quem você acha que atende todos os requisitos exigidos por ela? Exato: o Bruno.
— Mas nem pensar — ele disse sem pensar duas vezes.
— Bruno, nós vamos ganhar quase 500 contos só pra transar, coisa que a gente faz quase todo dia! [sim, isso tem acontecido com certa frequência desde a primeira vez]
— Daniel, não. Procure outra pessoa.
— Mas, Bruno, é com você que eu gosto de fazer. E ela quer que eu seja passivo também, só você tem esse privilégio!
— Eu não funciono sabendo que tem alguém olhando.
— Mas saber que estão olhando é a melhor parte!
— Eu não sou exibicionista igual você.
— Ahhh, Bruno, qual é?! Vamos! Você fica com 75% do lucro, prometo!
— Não é pelo dinheiro.
— Então vai por mim! Por favor, por favor, por favor!
— Por que você quer tanto fazer isso? Você pode simplesmente dizer que não pode fazer o programa, ué.
— Porque eu quero viver isso com você! Vai ser uma experiência muito da hora!
Olha, precisei de quase uma hora de argumentação pesada pra convencê-lo, e, é claro, eu consegui, hehe. À tarde, mandei mensagem pra Donatela confirmando o programa e ela ficou de nos encontrar na Mesquita às oito.
— É aqui que você encontra os seus clientes? — Bruno perguntou quando paramos no poste em que eu sempre paro pra esperar as caronas.
— É.
— E nunca te assaltaram? Não tem nada nem ninguém aqui perto.
Nunca me aconteceu nada desde que comecei a frequentar lá à noite, mas é comum escutar que teve assalto na Praça ali pra frente. Meu santo deve ser forte.
Donatela se atrasou uns dez minutos, mas chegou, em um SUV branco que parecia que ia levantar voo. Entramos e trocamos cumprimentos. Eu fui na frente e o Bruno atrás. Donatela o olhava pelo retrovisor com olhos de curiosidade. “Você também é garoto de programa?”, perguntou ao Bruno, que negou. “A gente é amigo”, respondi. “Amigos que transam”, ela constatou. “Na verdade a gente é mais do que amigo”, continuei. “Namorados”, ela supôs. “É complicado”, Bruno definiu bem nossa situação. “Esses relacionamentos de hoje em dia...” (nisso ela estava certa).
Fomos pro apartamento dela, num prédio lá no centro. Bruno estava com o nervosismo estampado na cara. “Vocês bebem alguma coisa?”, Donatela ofereceu. “Vinho, por favor”, Bruno respondeu. Eu não quis nada; queria estar bem sóbrio pra ver aquilo, hehe. Donatela era séria, mas não nos fazia sentir desconfortáveis (eu, pelo menos, estava bem à vontade). “Se vocês quiserem tomar um banho antes...”, ela também ofereceu, entregando a taça de vinho ao Bruno. “A gente já veio preparado”, respondi. Enquanto Bruno bebia, Donatela disse: “Eu não vou participar de nada, podem ficar tranquilos; o espaço é de vocês; finjam que eu não existo”. Isso queria dizer que nós poderíamos transar em qualquer parte da casa e fazer o que bem entendêssemos, que ela ficaria só observando.
Donatela pegou uma taça de vinho para si e se afastou, dando a nós uma falsa sensação de privacidade. Bruno me olhava com um olhar ressabiado, bebendo gota por gota o vinho da taça, querendo adiar o feito que nos levara ali. Como tempo é dinheiro e eu estava cheio de tesão, não só porque estava prestes a transar com o cara que eu amo, mas também porque ele estava participando de um programa comigo, tratei logo de adiantar o expediente. Fui até ele, tirei-lhe a taça da mão e o beijei com ardência. Ele colocou as mãos nos meus ombros como se fosse tentar me impedir, mas sabia que estávamos ali por um motivo. Bancando o ativão dominador (coisa que eu não sou, porque acho isso muito antirromântico), empurrei Bruno contra o sofá, fazendo-o cair deitado contra o braço do móvel. Não sei onde Donatela foi parar; eu não estava prestando atenção. Bruno ainda estava tenso, percebi. Tirei minha camiseta, depois a dele; ficamos nos amassos só de calça no sofá. Fui beijando o corpo dele e logo cheguei aonde interessava. Tirei o cinto dele, abaixei a calça e percebi que ele ainda não estava a ponto de bala. Voltei a beijá-lo, interrompendo o que eu ia fazer. “Relaxa”, falei, beijando o pescoço dele. “Tá difícil!”, ele respondeu em um sussurro. “Vou te ajudar”. Tirei minha calça e o “escalei”. Ele me olhava com uma cara estranha, interrogativa, mas tenho certeza que as dúvidas quanto ao que eu ia fazer acabaram quando eu coloquei meu bem precioso na boca dele praticamente sem aviso. Ele agarrou minhas coxas e fez força pra me afastar, mas é claro que eu não ia fazê-lo engasgar de propósito; fui cuidadoso. Facefucking é um negócio muito bom aliás, deixo dito. E logo ele começou a relaxar e tomar gosto pela coisa. Esse é meu garoto!
Voltei ao pau dele, agora já devidamente ereto, me ajoelhei no chão e o puxei pelo braço pra que ele se sentasse no sofá. Tirei a calça dele, joguei para o lado, fiz o mesmo com a cueca e me pus a chupá-lo. Ele segurava minha cabeça com as mãos, de olhos fechados, cabeça para trás, a boca aberta, enquanto eu fazia meu serviço. Depois virei-o de costas e comecei um rimmjob, daí partimos pra penetração. Eu adoraria ficar aqui por linhas e linhas descrevendo quão bom foi comê-lo no sofá, de pé, no chão, no banheiro, na mesa da copa... quão gostoso ele estava no 69, depois me comendo de quatro e eu montando nele no sofá e a gente compartilhando gozo no final... mas isso tudo seria pornografia barata; vou deixar por conta da sua imaginação. Sei que em dois tempos ele já tinha se esquecido de que Donatela observava — até eu me esqueci, na verdade. Fizemos tudo de acordo com as preferências dela e ‘teve tudo muito bom. “Podem continuar, se quiserem”, ela disse, depois que acabamos. “Não, não; acho que isso é tudo”, respondi. Bruno voltou a se envergonhar (também pudera; o menino quando pega no embalo...). Donatela nos pagou o programa conforme combinado e depois viemos embora terminar o que começamos lá, é claro. “Você se saiu muito bem hoje; estou orgulhoso de você”, eu disse, depois da finalização aqui em casa. “E você... Sei não. Estava todo machão”, ele respondeu em tom de reclamação. “Ué, eu tinha que te fazer entrar no clima”. Ele ficou quieto por alguns segundos antes de responder naturalmente: “Conseguiu”. Moleque safado!
Foi um programa inusitado. Pra você ver como o mundo dá voltas. Eu nunca diria que um dia transaria com o Bruno pra alguém observar em troca de dinheiro. Loucura, não? E, mesmo que eu dissesse, acho que não diria que ele aceitaria o convite, que o Bruno é todo certinho. Estou fazendo um bom trabalho tirando-o do caminho da virtude, hehe. Tirando isso, não tem muitas novidades pra contar. O desgraçado foi transferido anteontem, se não me engano; já tá na cadeia junto com os outros criminosos iguais a ele. Não tenho notícias da minha mãe; preciso ligar pra ela... Mas vamos falar sobre isso em outra entrada. Bruno tá saindo do banho; vou lá pro quarto dela. Qualquer hora a gente se fala. Abraço!
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Vincent (romance gay)
General Fiction::: LIVRO COMPLETO ::: Daniel é um jovem de vinte e um anos que mora com a mãe e com o novo padrasto em um bairro de classe média da cidade fictícia de Taigo. Daniel leva uma vida tranquila, mas essa tranquilidade logo é abalada quando o jovem per...