"Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial,Que poder embriológico fatal
Destruiu, com a sinergia de um gigante,
Em tua morfogênese de infante,
A minha morfogênese ancestral?!Porção de minha plásmica substância,
Em que lugar irás passar a infância,
Tragicamente anônimo, a feder?!...Ah! Possas tu dormir, feto esquecido,
Panteísticamente dissolvido
Na noumenalidade do não ser"Augusto dos Anjos
A mesa de madeira estava composta por mais pessoas do qual eu podia esperar. Após a chegada de Ettore, tivemos a absoluta certeza de que tudo estava realmente arranjado para que o tão esperado caos virasse o nosso mudo noturno de cabeça para baixo, e a balbúrdia estabelecida por Mephisto, fosse seu ponto de partida para reinar sob os céus rubentes de sua imaginação.
Há exatamente duzentos e quarenta horas e vinte e cinco minutos continuávamos imóveis e sentados, discutindo sobre o que faríamos. Sangue descia das narinas de cada um dos presentes, mas diferentes de mim, estavam fortes, pois os bonecos de louça que Baltazar criava, estavam como garçons servindo seus pulsos e pescoços para os dois vampiros que haviam chegado após Ettore.
Um deles era extremamente pálido, da cor de um floco de neve, e não havia nenhum resquício de cabelos em seu couro cabeludo, folheava pilhas de livros tão celeremente quanto falava, espetava o mapa acima da mesa com alfinetes e após isso, suspirava e voltava a folhear os livros; A outra era uma mulher de cabelos ondulados, a pele cor de ébano brilhava com a luz das velas e da demasia de dourado cintilante que havia nas paredes.
Ettore havia nos dito que Mephisto matara todos os humanos que residiam na Ordem de Paris, e avançava para as outras bases do conselho, as quais eram construídas por todo o globo, em todos os continentes e países. Eram governados por vampiros, não tão poderosos e velhos, mas fortes o suficiente para manter a população noturna em equilíbrio e punir os que desobedecerem as regras estabelecidas.
Após várias horas enclausurados em um silêncio perturbador, Baltazar começou a falar ininterruptamente em sua cadeira, enquanto segurava delicadamente o pulso de Benjamin entre os dentes. Curiosamente, o tempo que passei aqui, foi o suficiente para perceber que o Primeiro Ancião apenas se alimentava de Benji, e mais nenhum sangue além deste passava de seus lábios, visto que ambos possuíam quase o mesmo cheiro.
- Onde ele está agora? - Perguntei interrompendo a fala infinita de palavras que corriam como o vento de seus lábios cheios. Todos viraram suas cabeças para mim, mas suas bocas continuaram firmes, apenas Ettore se deu o trabalho de me responder.
- Não está mais em Paris. Ele alcançou a costa sul da França, está avançando para outros territórios da Ordem. - Cruzou as mãos acima do mapa amassado e encardido que cobria toda a extensão da mesa. - Sabemos seu próximo destino, mas não temos idéia de quando chegará lá.
- Por que ele faria isso? - Estreitei os olhos.
- Está eliminando as bases das cidades, e seus respectivos chefes. - Sebastian passou as mãos pelas narinas que escorriam o sangue da hemorragia, observando o líquido que brilhava como rubi.
- Os anciãos? - A vampira inclinou a cabeça, suspirando e olhando para mim de soslaio.
- Não, os anciãos estão agindo junto com ele. Logo alcançarão os outros países. Alguns deles já estão na Espanha, Itália e Bélgica.
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O Vampiro e o Romani - Livro O1 {CONCLUÍDO}
VampirOrfeo é um vampiro solitário, vaga pela terra há quase dois mil anos apenas com os próprios demônios, quando como em uma luz no fim do túnel, acaba conhecendo um humano enfermo á beira da morte. Sucumbido pelo egoísmo e pela dor de perder sua única...