Capítulo O9 - Quimera

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"Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera

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"Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"

Augusto dos Anjos

Joguei o tecido sobre a cabeça e o acompanhei, andando em meio as pequenas barracas e tendas. Haviam mulheres e homens tocando instrumentos, cantando e dançando. Era caloroso e até feliz, trazendo uma vontade incessante de me juntar a eles, mas eu sabia que não podia, então me contentei apenas com a visão dos ciganos, abaixando a cabeça e evitando contato visual.

Os produtos do vasto mundo estavam todos expostos em bandejas nas barracas do mercado. Haviam objetos de ouro, vidro colorido e taças de todos os tipos existentes que me encantaram apenas de olhar; Contas e pérolas se mostravam brilhantes em meio aos objetos de joias; Haviam vários tipos de óleos para lâmpadas e para o corpo, velas, incensos e pequenos quadros feitos recentemente com sua tinta ainda fresca. Rendas celestiais de todos os modos possíveis e até pequenas estátuas de pessoas e animais; Armas e facas, todos decorados e finíssimos. Algumas vezes fiquei vários segundos olhando para os objetos, até que Bóris vinha ao meu encontro chamar minha atenção.

O ruivo parou em frente a uma tenda, suspirando e olhando o tecido da entrada, como se estivesse pensando se deveria entrar ou não. Quando eu iria colocar as mãos em seus ombros, ele escancarou o tecido da tenda, fazendo-me passar primeiro.

Uma mulher com a pele cor de canela estava sentada em uma cadeira estofada, atrás de uma mesa forrada e com vários objetos espalhados. Seus olhos eram verdes e lustrosos, como uma pedra jade, combinando com o ouro presente em suas vestes coloridas e saia longa.

- Ora, ora. Veja quem pisa e mancha o solo de minha casa. - Ela sorriu zombeteira. - O que faz aqui?

- Preciso de seus serviços. - Ela olhou para mim.

- Precisa. - Se levantou da cadeira. - O que quer de mim? Deseja falar com ela?

- Não, é de você que preciso. Quero que ajude ele. - Puxou os meus braços, e em seguida, retirando o capuz de minha cabeça, proporcionando a visão de meu rosto para a mulher. Visão esta, que apagou o sorriso de seu rosto.

- Um Strigoi? - Ela semicerrou os olhos esverdeados. - Ah, logo este strigoi. Acho que estou entendendo.

- Eu preciso apenas de uma pequena ajuda, e então, nunca mais voltaremos a ver seu rosto. Prometo.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora