"Devemos pagar caro pelos nossos erros se quisermos ver-nos livres deles,
e depois podemos até dizer que temos sorte."
Johann Goethe
Foi difícil deixar o cigano aos cuidados de estranhos, mesmo que eu já tenha visto os rostos das duas Posses que haviam sido designadas para zelar pela vida do ruivo.
Não conseguia pensar em nada que não fosse Bóris enquanto Elizabeth me forçava a caminhar com ela pelo jardim, amarrada aos meus braços como uma corda grossa e extremamente forte. Ela andava curvada, e sua pele suava sangue enquanto gemia de dor com as mãos sobre a barriga.
— O senhor tem bastante sorte. - No meio do caminho, se ajoelhou em meio a grama, respirando vagarosamente.
— Porque eu não tenho indigestão? - Ela me olhou com raiva, deitando na grama verde enquanto seus cabelos se misturavam com a relva, fechando os olhos logo depois e rangendo os dentes. - Quem você bebeu?
— Um pedinte. Ele estava muito bêbado. - Colocou as mãos na barriga novamente em uma pontada de dor. - Não gosto disso, é agoniante.
— Você aprende a se acostumar. - Sentei ao seu lado, abraçando os joelhos e brincando com uma pequena flor rosada que nascia no gramado.- Por que me chamou aqui?
— Ora, estou doente! Fique um pouco comigo! - Tossiu, expelindo sangue pela garganta. - Essa é a consequência do dom de meu sangue. Maldição!
— Não posso deixar Bóris sozinho. - Ela se calou, estreitando os olhos para mim. - Ele está em um lugar estranho, com pessoas estranhas e além de tudo, perigosas.
— Meu querido Orfeo. - Riu pelo nariz, depois começou a gargalhar de modo como se tivesse ouvido uma piada, logo depois se arrependendo quando a dor abnominal a atingiu novamente. Ignorei suas provocações e deitei ao seu lado, observando as pequenas estrelas que inundavam a escuridão do céu. - Você, do modo que eu o conheço, não seria alguém que rastejaria pelo amor de um mortal.
— Rastejar?
— Sim, meu querido. Desde que chegou aqui, tenho percebido seu empenho em conquistar esse garoto. - Sorriu. - Talvez se sinta desafiado, pois com esse rosto, ninguém nuca resistiria à você.
— Bóris não é um desafio para mim.
— Então preste mais atenção a sua volta, veja o que Mephisto está fazendo para recuperar sua atenção, o seu afeto. Apenas tente observar o quanto ele se esforça.- Se sentou na grama, ainda com a mão na barriga. - É ruim ser o segundo amor dele, na verdade, acho que ele me vê apenas como uma estátua quebrada.
— Então por que me diz essas coisas?
— Porque quero vê-lo feliz. - Sorriu tristemente, passando um lenço na testa vermelha. - E ele só será feliz ao seu lado.
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O Vampiro e o Romani - Livro O1 {CONCLUÍDO}
VampirOrfeo é um vampiro solitário, vaga pela terra há quase dois mil anos apenas com os próprios demônios, quando como em uma luz no fim do túnel, acaba conhecendo um humano enfermo á beira da morte. Sucumbido pelo egoísmo e pela dor de perder sua única...