Capítulo 3O. Esparta

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“Aquilo que não está morto pode jazer eternamente,e com eras estranhas, até a morte pode morrer”H

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“Aquilo que não está morto pode jazer eternamente,
e com eras estranhas, até a morte pode morrer”
H.P. Lovecraft

 
Salomé nos olhava como se fôssemos pequenos grãos de arroz em suas mãos. Sentada em sua cadeira com os braços apoiados nas patas do urso de madeira, o vestido vermelho banhando o chão do salão, seus cabelos enormes caindo em cascatas sobre os ombros lhe davam o merecido ar sombrio.

– Senhora Salomé, eu vim aqui falar em nome de Orfeo. – Sebastian me fazia sinais para ajoelhar ao seu lado. A contra gosto eu o fiz. – Sendo ele um vampiro emocional em demasia, pede... Não, ele implora para que a senhora o deixe sair por algumas horas.

Eu levantei as sobrancelhas e olhei para o menor ajoelhado, quase encostando a testa no chão gelado.

– Posso saber o motivo? – Ela colocou as mãos no queixo. Sua voz melódica, ela curvando seu corpo em nossa direção.

– Uma humana, uma conhecida nossa, está em trabalho de parto. – Mordi os lábios lembrando de Bóris gritando aquela manhã no jardim, avisando que a criança nasceria a qualquer momento, provavelmente já poderia ter nascido. Mas eu queria ver, queria observar a criança. Há muito tempo eu não via uma de perto. – Me coloco à disposição para acompanhar Orfeo.

Salomé emitiu um brilho estranho nos olhos, ponderando por alguns minutos. Suavizou a expressão e pediu que nos levantássemos com um gesto das mãos.

– Confio em você Sebastian. – Sorriu. – Mas além de você, devo mandar alguém de minha confiança, já que a reputação da força de Orfeo o procede.

– Isso quer dizer que podemos ir? – Perguntou Sebastian. Percebi que sua expressão murchou, suas costas se curvaram e ele suspirou.

Discretamente o havia chamado de fraco.

– Caso não estejam nesta porta ao pôr do sol, serão arrastados pelos cabelos até as celas. – Estava fria, provavelmente de mal humor, mas eu não saberia dizer ao certo o humor de Salomé, pois se ela estivesse mesmo de mal humor, não nos teria deixado sair.

Sebastian jurou que ela não estava falando sério.

Ultrapassamos o jardim, andando com rapidez e a passos largos. Imaginei se Sebastian acreditava que Salomé confiava nele, se sua ingenuidade era tamanha, que chegava a achar que poderia ser páreo para mim caso eu quisesse fugir.

– Do que está rindo? – Perguntou Sebastian ajustando o cravate vermelho.

– De sua tolice. – Respondi. Ele virou a cabeça me olhando, com uma das sobrancelhas levantadas. – Você enaltece Salomé como uma deusa. Saiba que um dia ela poderá tentar matá-lo com as próprias unhas. Ela é como uma serpente.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora