Capítulo 58. Vermelho Escuro

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"Você quer um coração? Você não sabe o quão sortudo és por não ter um. Corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem."

O Mágico de Oz - L. Frank Baum

Eles não deveriam estar ali, definitivamente não.

Não! Não! Não! Não!

Jade estava correndo pelos telhados, vigas e pedaços de concreto no teto com a companhia de Ramón. Ambos seguravam arcos e aljavas nas costas. Ela havia disparado uma flecha em Salomé.

A vampira estava gemendo de dor. Jade havia errado a pontaria.

Pensei em acabar com Salomé de uma vez, mas quando avancei, o corpo dela se transformou de carne para osso em apenas um segundo, os músculos e pele rijos e brancos como cal. Ela acabou prendendo a flecha dentro de si, impedindo que algo pior acontecesse com si mesma.

Houve uma grande confusão. Jade e Ramón pulavam de muro em muro como gatos, atiravam nos vampiros que viam, que tentavam escalar as paredes atrás de ambos.

Eles estavam bem, eu sabia disso, não deveria me preocupar. Aquele sentimento era um insulto para ambos.

Me virei e corri para fazer o que eu deveria antes que Salomé acordasse e decidisse explodir sua fúria com as habilidades incríveis que a sua imortalidade lhe dera.

A habilidade de Salomé era uma das coisas que eu temia.

Aqueles dois teimosos, Jade de Ramón. Se Salomé se sentisse segura, acordasse e quisesse matá-los, ela não teria problema algum em fazê-lo.

Um incêndio começou do outro lado, Jade o havia provocado com uma de suas flechas com ponta incandescente atirada sobre a poça de óleo da lamparina. Uma vampira acuada por suas flechas teve o vestido queimado, o fogo lambeu o tecido da saia e depois sua pele naturalmente inflamável. Ela gritou correndo sem rumo, andando pelo caminho que Jade traçou e derrubando outras luminárias apagadas com óleo velho, formando um incêndio maior naquela sala.

Estava prestes a sair do salão quando alguém segurou meu pescoço e me jogou para longe. Minhas costas se chocaram com a parede já rachada, o pó da construção misturada a prata, sujou meus olhos. Enquanto eu tentava enxergar algo, a pessoa enfiou os dedos em meus cabelos e me puxou, afundando meu corpo em uma cratera no chão.

Entre a névoa de pó e sangue em meus olhos, consegui ver Ackles me olhando com ódio. Suspirei cansado e fazendo uma careta me perguntando se aquele vampiro estava mesmo procurando lutar comigo. Mas não era isso, Ackles não estava mais na minha frente e sim atrás de Ramón prestes a agarrar sua panturrilha quando o cigano distraído com um grupo menor de vampiros, saltou de um escombro para outro.

Ackles queria que eu visse a morte de Ramón?

De qualquer forma ele era muito ingênuo. Ele não achou que eu pudesse correr e chegar até ele com a mesma rapidez que ele piscava os olhos?

Ackles era um homem humano no corpo de um vampiro, ele ainda não havia passado pela transformação de sua alma. Conseguia sentir o cheiro de ciúme e raiva emanando de seus poros.

Ele agarrou o tornozelo de Ramón, o garoto foi jogado no chão, e área que Ackles pudesse fazer mais alguma coisa, eu o tomei pelos cabelos e joguei seu corpo no meio daquele fogo que já lambia metade do salão e afugentava os vampiros em chamas para fora.

Ackles crepitou, gritou, seus cabelos, roupas e pele começaram a ser consumidos. Jade lançou uma flecha em seu peito, fazendo-o cair imóvel no chão em segundos.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora