Capítulo 52. A Trindade Demoníaca

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A Dor meu coração torça e retorça E me retalhe como se retalha Para escárnio e alegria da canalha Um leão vencido que perdeu a força! Sobre mum caia essa vingança corsa, Já que perdi a última batalha! E, enquanto o Tédio a carne me trabalha, A Dor...

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A Dor meu coração torça e retorça
E me retalhe como se retalha
Para escárnio e alegria da canalha
Um leão vencido que perdeu a força!
Sobre mum caia essa vingança corsa,
Já que perdi a última batalha!
E, enquanto o Tédio a carne me trabalha,
A Dor meu coração torça e retorça!
Cubra-me o corpo a podridão dos trapos!
Os vibriões, os vermes vis, os sapos
Encontrem nele pábulo eviterno...
-- Repositório de milhões de miasmas
Onde se fartem todos os fantasmas,
Primavera, verão, outono, inverno!

Augusto dos Anjos - Vae Victis

O ruivo olhou para o vitral aos pedaços, depois para os olhos azuis escuros e frios, sentiu o cheiro de sangue estranho pulsando de dentro dela, e foi então que ele matou aquela charada.

O Czar também estava com aquele cheiro de sangue que inicialmente ele acreditava estar emanando das rosas, porém a verdade é que ambos estavam sorvendo sangue de vampiro. Aquilo explicava a aparência jovial do Czar, explicava seus dentes branquíssimos e cabelos brilhando tanto.

Ambos eram... Carniçais.

— Olga, saia! — O Czar gritou aterrorizado. — Vá embora daqui, nada disso é de sua conta! Não foi você quem eu chamei!

Olga, Olga Alexandrovich. Aquela era sua irmã mais velha.

Sua irmã

Ela não estava disposta a dar ouvidos ao seu pai, e então se lançou contra Bóris com as mãos em garra, arranhando o braço do homem sem reação que apenas se afastava. Ela estava balançando as mãos e tentando arrancar qualquer naco de carne que pudesse, perfurando-o com suas íris brutais.

O Czar gritava o nome dela com temor, mas não se aproximava daquele ataque desesperado da menina que não tinha a mínima noção de luta, mas era tão rápida quanto um Strigoi, se batendo contra as colunas da igreja e por vezes sem conseguir controlar sua velocidade, mergulhando o corpo contra os espinhos que revestiam a parede.

Bóris percebeu que era provável do Czar estar sendo alimentado algumas poucas vezes pelo sangue de algum Strigoi bajulador que poderia querer controle sobre o Governo do país, transformando-se em um simples cão em troca de juventude e disposição. O ruivo havia escutado o cardeal falar sobre algo assim, porém diferentemente do velho, sua filha Olga já havia se tornado um fiel Carniçal completo. 

Strigois faziam laços de sangue com humanos quando queriam servos leais. 

Em tempos remotos era mais recorrente, porém ainda haviam humanos que bebiam quantidades grandes de sangue amaldiçoado várias vezes por dia, enquanto o Strigoi também se alimentava do lacaio ao mesmo tempo em um ósculo sanguíneo que duraria sete meses. Depois ambos formavam uma ligação de mestre e escravo, e a quantidade de sangue fornecida para o lacaio diminuía para assim ele ganhar o mesmo poder do mestre em grau inferior, porém se o seu senhor parasse de lhe dar o sangue, o Carniçal iria logo se reduzir à uma massa velha de pele seca.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora