Capítulo 13. Elköning

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"Quem cavalga tão tarde por noite e vento?É o pai com sua criança, atento;Ele tem seu menino seguro nos braços,Acomodando-o firme, com quentes laços

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"Quem cavalga tão tarde por noite e vento?
É o pai com sua criança, atento;
Ele tem seu menino seguro nos braços,
Acomodando-o firme, com quentes laços.
"Meu filho, que guarda em temor seu rosto?" -
"Não estás a ver, Pai, o Erlkönig?
"O Erlkönig com calda e coroa?" -
"Meu filho, é coisa que enevoa."
"Ó bela criança, pois vem, vem comigo!
Jogos de todo adoráveis brincarei contigo;
Coloridas flores aos montes estão na praia,
Minha mãe tem vestes douradas e és cobaia."
"Meu pai, meu pai, e tu não estás a ouvir,
Que promessas ele usa pra me iludir?" -
"Calminha, acalme-se, minha criança;
Do farfalho tem o vento sua aliança." -
"Quer tu, nobre menino, acompanhar-me?
Minhas filhas hão de graciosas esperar-te;
Minhas filhas regerão as noturnas danças,
Dançarão com magia de mil crianças." -
"Pai, pai, e não vês lá
A filha dele nas sombras e má?" -
"Meu filho, meu filho, posso vê-lo decerto:
Brilha um salgueiro por neve coberto. -"
"Amo-te, seduz-me tua bela forma;
E não queres, usarei força sem norma." -
"Meu pai, ele esta me levando embora,
Está me machucando muito agora!" -
O pai aterroriza-se, cavalga veloz,
Tem a gemedora criança nos braços, feroz,
Alcança a fazenda às pressas e em dor;
Em seus braços ela estava morta, em clamor."

Johan van Goethe



Me via preso a um labirinto caliginoso cercado de espinhos, suas paredes acinzentadas estavam encrustadas de musgo e algo parecido com manchas de umidade. Uma profusão de pessoas corriam em minha frente, aflitos e com suas bocas arreganhadas em uma careta funesta.

Eu tentava acompanhá-los, mas meus pés estavam machucados, a cada passo mais feridas se formavam, abrindo pequenas fendas nas solas de meus pés.
Gritos, sons molhados e pavorosos de pele se rompendo eram absolutamente audíveis e cada vez mais próximos. Uma pessoa me empurrou, e caído, senti o peso dos pés acima de mim, ouvi os estalos dos meus ossos se quebrando, vi o sangue descer de minha boca e meus braços não eram fortes o suficiente para me levar até a saída do enorme labirinto.

Logo meu corpo murchava, e pouco a pouco falecia. Eu sabia que era impossível aquilo acontecer, que se fosse verdade, meus ossos logo voltariam ao lugar, e os órgãos logo cicatrizariam. Porém eu estava vivendo em um pesadelo, uma paranóia que consumia minha cabeça como um verme devora um cadáver.

Todavia, Laura me alertara de que, se alguém dorme sonhado que está prestes a enfrentar a morte eminente, ela encontraria logo os braços gélidos e ásperos de Tânatos também na realidade.

Passos de cascos ecoavam no jardim morto a minha volta, e temi o pior quando vi o enorme Minotauro se erguer contra mim. Sua boca com os pelos sujos de sangue e o vapor que soltava das narinas me incomodavam, juntamente com os olhos cinza, acesos como duas lamparinas, voltando totalmente sua atenção para mim enquanto jogava uma perna amputada no chão e me encaravam com ódio, um ódio mesclado com um desejo hediondo.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora