Capítulo 50. Bóris e o Instrumento Maldito

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Dor, saúde dos seres que se fanam,

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Dor, saúde dos seres que se fanam,


Riqueza da alma, psíquico tesouro,

Alegria das glândulas do choro

De onde todas as lágrimas emanam...

És suprema! Os meus átomos se ufanam

De pertencer-te, oh! Dor, ancoradouro

Dos desgraçados, sol do cérebro, ouro

De que as próprias desgraças se engalanam!

Sou teu amante! Ardo em teu corpo abstrato.

Com os corpúsculos mágicos do tato

Prendo a orquestra de chamas que executas...

E, assim, sem convulsão que me alvorece,

Minha maior ventura é estar de posse

De tuas claridades absolutas!

Augusto dos Anjos - Hino á dor

Pequeno Bóris estava chorando novamente em seu quarto, escorrendo lágrimas grossas de seus pequenos olhos azuis escuros como o céu da noite.

A criadagem não sabia o que fazer, estavam todos de pé ao redor da porta do quarto do garoto naquele dia observando a rabeca de Bóris ser entregue de volta queimada até quase as cinzas para o menino á mando do Czar, o qual havia dito não aguentar mais ouví-lo tocar aquilo.

Como se não bastasse queimá-la, Bóris ainda recebeu vinte golpes com bastões de madeira em suas costas e pernas, e a cada vez que respirava para chorar baixinho, seus pulmões doíam.

Tocar a música de Brigitte era a única coisa que não o deixava enlouquecer naquela casa.

Ele estava inconsolável. Como um animal abatido, continuava do modo como foi colocado deitado de bruços no chão do tapete vermelho que revestia seu quarto, do qual havia sido proibido de sair por duas semanas inteiras, trancado como um prisioneiro.

Mas como ele poderia andar se estava tão ferido?

Mesmo que quisessem, mesmo que suas mãos estivessem coçando para isso, os empregados não poderiam cuidar dele ou lhe dar comida decentemente, pois a chefe da criadagem todos os dias entrava no quarto de Bóris para inspecionar se haviam remédios em suas feridas, pois como o Czar havia ordenado, as aberturas na pele de Bóris deveriam ser curadas naturalmente pela ordem de um corpo humano, sendo lavadas apenas com água e sabão.

Assim aquela velha mulher fazia, segurando-o de bruços na banheira com um braço e esfregando brutalmente o sabão contra as feridas abertas nas costas dele. Enquanto gemia e soluçava baixinho sentindo o sabão fazer bolhas sobre sua pele aberta, Bóris não entendia o motivo daquela mulher não olhá-lo com pena como os outros criados do Palácio, ela nunca hesitava em fazer o que fazia para agradar seu pai.




O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora