Capítulo 49. Bóris, o Rei dos Loucos

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[Contém prováveis cenas fortes de canibalismo a partir do parágrafo com "*" no início. Porém se você pular, pode perder possíveis charadas para próximos capítulos e para o próximo livro.]

Agora sim! Vamos morrer, reunidos, Tamarindo de minha desventura, Tu, com o envelhecimento da nervura, Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

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Agora sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
E a podridão, meu velho!
E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura,

A que nos acharemos reduzidos!
Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o Futuro, em diferentes
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,
Na multiplicidade dos teus ramos,
Pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte, inda teremos filhos!

Augusto dos Anjos - Vozes da Morte

Bóris mordeu a língua olhando para aquele cenário grotesco, sua íris girando na órbita buscando com preocupação aquela criança magra no meio da multidão de rostos enrugados e medonhos. Não sabia se era possível, mas queria pegá-la debaixo do braço e correr para sempre antes que Lilith aparecesse. Bóris queria correr até que suas pernas não aguentassem mais andar e apenas então ele se arrastaria segurando na grama, se jogaria em um rio para ser levado para longe dela.

O pânico tomou sua mente quando se lembrou daquelas pessoas mortas queimadas, do rosto contorcido e choroso de Diego escutando os gritos de Dinna enquanto levava Bóris para dentro da água gelada, enquanto Bóris o usava e obrigava a levá-lo para onde pudesse aliviar sua própria agonia sem saber.

Novamente. Novamente. Estava acontecendo novamente!

Bóris sabia do que Lilith era capaz quando se rejeitava uma ordem dela, quando se ousava fugir de sua voz e de suas garras de falcão.

Finalizando esse pensamento de que ele mesmo havia cavado as covas daquelas pessoas, localizou o menino no meio de toda a confusão engessada.

Ele havia fugido do soldado antes do caos começar, mas também já estava com o rosto puxado, enrugado e de forma macabra bastante sorridente olhando fixamente para Bóris. Os pequenos olhos completamente vermelhos e brilhantes estavam arregalados, o pequeno corpo deitado sobre algo gordo e rosado coberto de sangue escorrido.

Bóris pareceu entender metade do que havia acontecido quando notou o rosto do menino inchado e coberto de lágrimas. Ao lado dele, um homem alto de pé estava com o mesmo rosto medonho segurando um machado sujo de sangue.

Haviam aproveitado sua ausência e matado aquele maldito porco para que todos da Vila pudessem comê-lo, mas Bóris se perguntava o motivo de escolherem justo aquele dia. Talvez porque aquele seria o dia em que ele seria entregue para os soldados pelo filho do carpinteiro, todos teriam o caminho livre para fazer o que quisessem.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora