Capítulo 29. A Cabeça de João Batista

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"Depois de erguer a montanha nos ombros, a única opção era sustentá-la com firmeza: não havia como deitá-la outra vez no chão

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"Depois de erguer a montanha nos ombros, a única opção era sustentá-la com firmeza: não havia como deitá-la outra vez no chão. E também não havia mais ninguém que pudesse carregá-la em seu lugar."
Robert Jordan
 

As pessoas pareceram nos esquecer.

A festa continuou com a música tocada pelos mascarados, os vampiros andando para lá e para cá. Apenas algumas pessoas vestidas de servas como a mulher que me ajudou no banho paravam de fazer o que faziam para me olhar e cochichavam umas com as outras.

Bóris olhava dentro das taças de ouro postas em sua frente procurando algo que pudesse beber, mas pela sua careta de nojo, acho que ele encontrou apenas sangue.

— Eu não esperava que houvesse um humano entre nós hoje. – Sussurrou Salomé quando inclinou seu corpo alto em direção a Bóris. – Direi ao cozinheiro para que prepare algo para você, pequena labareda.

Alguns vampiros chegaram em frente á mesa, sorrindo e apresentando uma mensura antes de começarem a dançar. Eles disparavam ilusões se multiplicando em vários enquanto começavam a flutuar ainda dançando.

— Então, Domitius. Meus convidados estão entretidos com a algazarra, podemos trocar algumas palavras em privado. - Virou-me o rosto. Sua face era tão bonita quanto o nascer do sol, pois me lembro muito pouco dessa visão, do alaranjado nascer do sol. Era isso que sua beleza era, uma beleza antiga, bruta e esculpida na madeira por mãos divinas. Seus olhos vermelhos brilharam. – Passei tanto tempo em meu sono, que me alegro em ver qualquer face que seja, até mesma a sua, mesmo que eu e metade dos que estão neste salão queiram matá-lo.

— A alegria é recíproca, Salomé. Senti falta de suas palavras acolhedoras. – Ela sorriu com o sarcasmo.

— E eu de sua ousadia. Se eu tivesse matado você quando o encontrei pela primeira vez na Escócia, nada disso estaria acontecendo. Estaríamos felizes ainda no comando, bebendo sangue de jovens moças ardentes e de homens charmosos por toda a eternidade até o armagedon. – Pegou em sua taça olhando o seu reflexo no ouro. – O que me diz? Eu poderia matá-lo agora, poupar-nos de todo o sofrimento que nos fez passar e servir seu sangue em tigelas para as pessoas que aqui estão. Acredito que até os humanos lá fora adorariam.

— Também colocaria minha cabeça em uma bandeja de prata como pediu a Herodes quando dançou para ele? – Virei pra olhá-la. Seu rosto sério me deixou feliz por tê-la afetado. – Acredito que você não me mate agora porque sou a única coisa que separa Mephisto da morte, e apenas eu posso empurrá-lo em direção á esse penhasco.

Ela abriu a boca para gargalhar, os dentes grandes de presas sobressaindo por seus lábios cheios e vermelhos.

— Você é tolo demais, querido. Acha mesmo que apenas você pode matá-lo? O sangue de seu querido amigo ruivo vale muito quando forjado em metal. As coisas estão mudando. – Mordi a língua, esperando não demonstrar expressão. Então ela sabia sobre o sangue cigano, e naquele momento tive certeza que estavam correndo perigo.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora