"Enxugar uma só lágrima merece mais
Honesta fama, do que verter mares de sangue."
Lord ByronEncontrei Laura sentada na poltrona com uma xícara de chá nas mãos e um livro em seu colo. Suspirou fundo enquanto lia, era provavelmente um romance. Sorri enquanto a observava.
- O que está fazendo acordada? Não é bom para sua saúde passar a noite em claro.
- Não sabia que também era médico. - Disse enquanto folheava seu livro. O mal humor era algo normal na personalidade de Laura. - Estou com insônia.
- Por que não me chamou? - Me aproximei da poltrona.- Poderia hipnotizá-la e fazê-la dormir em questões de segundos.
- Não, não quero. Sabe que sempre que tenho insônia significa que algo está se aproximando. - Bebeu todo o conteúdo da xícara e levantou uma enorme espingarda de trás da poltrona. Boris tampou a boca com as mãos e eu dei uma risada nasal. - Tenho todos os tipos de bala dentro dessa belezinha. Se algum vampiro sequer tentar entrar aqui, eu mato!
- Nada vai entrar aqui, não fique preocupada. - Cocei a nuca. - Acho que deveríamos chamar o doutor Nicolas.
- Eu Não estou louca! Eu sei das coisas! - Carregou a arma e apontou para uma parede.
- Tudo bem, acredito em você. - A fragrância do ferro puro atingiu minhas narinas, minha boca salivou, como se eu não me alimentasse por vários dias inteiros. - Mas é melhor ir para o quarto. - Ela me olhou compreensiva, mas ainda segurando a espingarda. Virei a cabeça e subi rapidamente as escadas, parando na biblioteca.
Cacei o cheiro formidável que emanava de uma determinada estante de livros. A parte de ficção se mantinha isolada em uma mistura de cheiros novos, em principal, o cheiro do ferro, que percebi ser um lenço sujo da substância vermelha. Sentei na poltrona amarela, peguei o pano e afundei meu nariz, sentindo o eflúvio partindo dos fios desgastos do tecido cor de ébano.
- Strigoi? - Ouvi a voz arfante de Boris, que provavelmente havia corrido todo o trajeto até chegar a mim.- Sim? Desculpe, estava... Meditando. - Pisquei os olhos e joguei o tecido longe. Se aproximou mais de mim e se colocou atrás da poltrona. Juntei as sobrancelhas, estranhando a atitude repentina, sentindo seus dedos emaranharem contra meus cabelos, e o roçar de suas unhas em meu couro cabeludo, um calor imenso tomou conta de meu peito e suspirei.
- O que está fazendo,? - Ele parou quando escutou minha voz, paralisou as mãos ao lado de minha cabeça, e quando pensou em se afastar, tomei sua mão direita e depositei um beijo nos nós dos dedos avermelhados.
Ouvi seu suspiro e levantei olhando para Bóris de modo insistente e afundou a testa em meu ombro direito, não aproximou nenhum dos seus membros, apenas ficou nessa posição. Envolvi seus cabelos com minhas mãos.
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O Vampiro e o Romani - Livro O1 {CONCLUÍDO}
VampierOrfeo é um vampiro solitário, vaga pela terra há quase dois mil anos apenas com os próprios demônios, quando como em uma luz no fim do túnel, acaba conhecendo um humano enfermo á beira da morte. Sucumbido pelo egoísmo e pela dor de perder sua única...