Capítulo 26. O Solilóquio da Bruxa

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Para desvirginar o labirintoDo velho e metafísico Mistério,Comi meus olhos crus no cemitério, Numa antropofagia de faminto!A digestão desse manjar funéreoTornado sangue transformou-me o instintoDe humanas impressões visuais que eu sinto,Nas divina...

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Para desvirginar o labirinto
Do velho e metafísico Mistério,
Comi meus olhos crus no cemitério, Numa antropofagia de faminto!
A digestão desse manjar funéreo
Tornado sangue transformou-me o instinto
De humanas impressões visuais que eu sinto,
Nas divinas visões do íncola etéreo!
Vestido de hidrogênio incandescente,
Vaguei um século, improficuamente,
Pelas monotonias siderais...
Subi talvez às máximas alturas,
Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras,
É necessário que inda eu suba mais!

Augusto dos Anjos

A chuva havia finalmente nos dado uma trégua por dois dias, mas logo depois ela começou a cair novamente, e não parou até atracarmos finamente no Porto de Paris, pouco mais longe do que eu queria para não causar alarde. A cidade não estava abandonada como acreditei que fosse encontrar, pelo contrário, ela estava iluminada, com rastros de destruição, mas não havia corpos na rua e nem havia cheiro de sangue, algumas pessoas até andavam, compravam coisas nas feiras e felizmente não prestavam atenção em nós, pois haviam muitos outros navios chegando ao porto, pessoas desesperadas descendo e pouco aliviadas, fugindo dos seus países ou cidades com o semblante apavorado. Imaginei o que aquelas pessoas pensavam em suas cabeças, quando tantos demônios submergiam do inferno e sem qualquer compaixão, mordiam seus pescoços com autoridade.

Olhei ao redor, haviam várias pessoas, e algumas delas se aglomeravam ao redor de um homem velho que usava um capuz acinzentado e uma caixa de madeira de vegetais como palco. Os cabelos oleosos e encardidos caiam pelos ombros, enquanto gritava e pessoas se reuniam para ouvi-lo, até mesmo os ciganos estavam ao redor do homem.

Amapola espirrou, sua roupinha vermelha estava molhada de chuva, segurava em suas mãos, uma das gaiolas com três enormes corvos. Peguei-a nos braços.

Cleo e Sebastian também se viraram para observar, o homem batendo uma bengala que usava para sua perna ruim, levantando as mãos e apontando os dedos para as pessoas, que se identificavam com o que o homem discursava.

- Vejo que vieram até mim, famintos, com medo, agarrando seus bebês rente ao seio, as grávidas segurando seus ventres. - Ele passou os olhos por cada um. Nos aproximamos da legião, outros também chegavam atrás de nós, até que se formou um público de quantidade considerável. - O tirano e demônio bebedor de sangue nomeado Mephistófeles trouxe suas legiões para nossas terras, cercaram cada uma das fortalezas de cada um dos continentes da terra que Deus nos fez. Ferozes e coléricos, eles arrancam nossos pedaços e bebem do nosso sangue! Temos até mesmo um demônio como ele governando nossa cidade e ficamos parados como pedras esperando o tempo nos matar.

Ele gritava, as pessoas concordavam, abaixei os olhos para o caso de reconhecerem que eu era exatamente aquilo que eles odiavam.

Ele continuou:

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora