Capítulo 21. Loucura Imortal

146 21 109
                                    

"Se a mortalidade da alma pode ser terrível, não menos terrível pode ser a sua imortalidade

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"Se a mortalidade da alma pode ser terrível, não menos terrível pode ser a sua imortalidade."
 

Miguel Unamuno

 
 

Durante todo um dia pesado, escuro e mudo, em que nuvens baixas se amontoavam opressivamente no céu, percorri parte da floresta em um trecho de campo singularmente triste, as sombras noturnas se avizinhavam possessivas em minha cabeça. 
Petrônio dispensou todos os outros da tenda, alegando que gostaria de conversar civilizadamente comigo. Com hesitação eles saíram, levando Cleo e Ettore consigo, fechando a barraca. Logo após isso, levantou o velho da cadeira, com um sorriso enorme, correndo até a mesa, batendo seu cajado no chão para se servir do vinho na jarra.

— Malditos jovens e sua proteção exagerada! – Com dificuldade, derramando mais da metade da substância na mesa, tentou colocar o líquido na taça. Sorriu quando conseguiu completar a tarefa, levando a bebida aos lábios, fechando os olhos brancos ao sentir a textura, depois virou a taça bebendo a goladas rápidas e jogou o objeto vazio no tecido da barraca. – Saiam daqui seus miseráveis, vermes inúteis! Parem de escutar as conversas alheias!

Passos saíram correndo pelo corredor, mostrando as sombras dos ciganos curiosos para saber o que discutiríamos.

— Finalmente um pouco de paz! – Desta vez levou a própria jarra aos lábios. 

— Me chamou até aqui para que pudesse beber? – Perguntei e olhei para a porta. – Não podia simplesmente mandá-los embora?

Ele riu, deixando a jarra novamente acima da mesa de madeira suja de pó. Deu três passos para trás, e imaginei que fosse cair, porém se firmou com os pés no chão.

— Me desculpe pela cena que fiz parecer na frente dos outros. – Ele tremia enquanto andava pelo leito. Ele havia relaxado a postura, se inclinando para baixo tornando-se um corcunda. – Não tinha a intenção ameaçá-lo, contudo tenho uma reputação a zelar, não é? Strigois não são bem vistos pelo meu povo, ou pela sociedade em geral.

— Eu acho que não entendo. – Respondi.

— Bem, então vamos direto ao ponto. – Começou Petrônio ao meu lado, se sustentando no cajado, seus ombros tremendo com o frio que nos açoitava. – Se estivéssemos em outra situação, não pediria isso. É humilhante para nós dois.

Ele tossiu várias vezes e limpou os lábios com um tecido que retirou da manga da roupa.

— Bem, a maior parte de meu povo é feito de crianças, velhos e mulheres grávidas, pois a maior parte de meus jovens saudáveis morreu defendendo o acampamento. – Ele se sentou no estofado suspirando. – Nós temos que chegar na costa da Itália, há um grupo de ciganos nos esperando. Para isso, precisamos de vocês, da sua ajuda para sair deste lugar.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora