"Ficou ali sentada, os olhos fechados,
e quase acreditou estar no País das
Maravilhas, embora soubesse que
bastaria abri-los e tudo se transformaria
em insípida realidade..."
Alice no País das Maravilhas
Eram gritos terríveis, pavorosos e inúmeros pedidos de clemência. Algumas vozes familiares aos meus ouvidos e outras completamente estranhas, mas todas elas exprimiam agonia e dor, remetendo-me no mais profundo pânico.
Na escuridão, dezenas de dedos e mãos apodrecidas se amontoavam em minha direção, puxando minha pele, cabelos e roupas de modo brusco e grosseiro para o breu de onde brotavam. Suas bocas se abriam como se as jugulares estivessem quebradas, tentando morder meus ombros.
Não demorou muito para que, no meio do caos, eu percebesse que estava dormindo, tudo não passava de um pesadelo lúcido, e rezei para que todo aquele dia que se passou também fosse, mesmo sabendo que não era.
A primeira coisa que senti ao respirar, dando uma grande tragada de ar em meus pulmões, foram os pequenos grãos de terra entrarem aos montes em minhas narinas, juntando -se sob minhas pálpebras e me fazendo engasgar.
Eu havia sido enterrado, pelo visto às pressas ao ver o modo como a terra estava fofa acima de mim. Imaginei que todos haviam ido embora, consegui ver em minha mente, seus rostos indiferentes ao me colocar debaixo da terra especulando uma possível morte.
Não, não seria possível acharem que eu morreria deste modo tão vergonhoso.
Foi no momento em que coloquei uma das mãos para cima, jogando a terra para fora, que pude sentir finalmente o hálito fresco da noite. Duas mãos começaram a limpar a terra de meu rosto enquanto eu tossia de modo exagerado, cuspindo a terra dos pulmões e puxaram minhas mãos, ajudando a retirar todo o corpo da cova rasa.
- Mas que diabos! - Era a voz de Bóris ajoelhado ao lado da cova desfeita, ele parecia ter acordado de um cochilo, tinha suor em todo seu corpo e terra úmida sujando seus pés e braços. As suas mãos puxaram meus dedos até que metade de meu corpo saísse da terra. - Você está bem?
Balancei os cabelos e os esfreguei, retirando a terra.
- Por que estou em uma cova?
- Bom, eu poderia fazer um breve relato de seu comportamento estranho de ontem. - Ele suspirou, parecia bastante cansado, mas o sarcasmo ainda ganhava seu lugar em sua voz. - Você simplesmente sumiu, então a Strigoi Cleo disse que sentia seu cheiro vindo de dentro de uma construção desfalecida, e quando cheguei lá, me deparei com você cortejando um Ghoul.
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O Vampiro e o Romani - Livro O1 {CONCLUÍDO}
VampirOrfeo é um vampiro solitário, vaga pela terra há quase dois mil anos apenas com os próprios demônios, quando como em uma luz no fim do túnel, acaba conhecendo um humano enfermo á beira da morte. Sucumbido pelo egoísmo e pela dor de perder sua única...