Capítulo 35. Asas e Sangue

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"E assim, Lilith, os olhos brilhantes dela, me despertaram

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"E assim, Lilith, os olhos brilhantes dela, me despertaram.
Ela se cortou com uma faca, sangrou para mim em uma tigela.
Eu bebi profundamente.
Era doce.
E então eu entrei no Abismo, e eu cai eternamente,
caindo na escuridão mais profunda."
O livro de Nod

Foi patético o modo como Alexandre correu até Carmilla e a fez ir até meu quarto, o modo como de tanta dor, não conseguia fazer força em minhas pernas bambas. A vampira de cabelos longos e brancos me tomou nos braços e me colocou dentro da água da banheira de mármore, a água estava quente, fumegando, envolvendo minha pele e meus ossos.


Ela ainda me observava sentada à beira de onde eu queria desaparecer sob o olhar atento e curioso dela, queria entrar naquela água e me dissolver. Não a queria perto de mim, não a queria passando aqueles dedos sobre meus cabelos molhados.


- Por que não posso tocar seu cabelo? - Ela ainda não recolhera as mãos mesmo depois de ler meus pensamentos.


- Saia de minha cabeça. Saia de meu quarto também. - Falei sem olhá-la. - Não preciso de mais aborrecimento.


- Que coisinha cruel e ingrata eu fui fazer, não é? - Tirou os dedos enlaçados de renda de meus fios.


- O que quer comigo? - Me virei para olhar seu rosto, os lábios vermelhos se curvando em um sorriso.


- O que eu quero? Primeiro um obrigado por tirar suas dores. Sabia que se eu não aparecesse, você estaria se contorcendo como uma lesma no sal? - Se virou para andar segurando um roupão preto entre os dedos. - Segundo, quero que saia da banheira e vá se secar.


Camilla tinha razão. Se ela não aparecesse e me livrasse das dores com seus poderes e provavelmente também com nosso Laço de Sangue, eu provavelmente estaria me afogando no próprio sangue vomitado.


Eu já havia visto a transformação da besta bem de perto, já ouvira falar muito dela, e quando Camilla chegou e puxou minha consciência de volta, o arrependimento por deixar a besta entrar veio junto. Em um momento de fúria eu fora impulsivo e assinei minha morte, uma morte lenta e dolorosa por culpa de Salomé.


Camilla não se mostrou surpresa quando me ouviu pensar na vampira.

Seriam dias, semanas, se não meses para que meu corpo fosse preparado para a besta assumir. Algo de minha anatomia mudaria, não tinha dúvidas disso, algo me faria parecer bestial como minha nova alma seria.


Estava me perguntando se ela estava lá para me matar, para quando a fera fosse irromper entre rugidos de minha garganta, ela estivesse lá para me jogar no fogo, para acabar com aquele monstro indesejado, aquele demônio que sequer deveria ter nascido.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora