Capítulo 51. Bóris e a Pequena Carniçal

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A Esperança não murcha, ela não cansa, Também como ela não sucumbe a Crença,

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A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença,

Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.
Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,

E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a Crença do fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro -- avança!
E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,

Na voz da Morte a me bradar; descansa!

Augusto dos Anjos - A Esperança

Carmilla estava tão fraca quanto um pássaro de asas quebradas nos anos que se seguiam, consequência das lágrimas que ela absorvia da alma humana do menino duas vezes por mês sempre que este dormia quando ele ainda era uma criança.

Porém depois que Lilith o levou, depois que lhe devolveu aquele instrumento musical amaldiçoado e tirou Bóris dos braços brancos dela, Carmilla sentiu aquele comichão doloroso em seu peito.

A vampira nunca esqueceu o olhar morto que Bóris lançou para trás e a perfurou de longe. Ela queria que ele ficasse decepcionado, que ele voltasse indignado e gritasse com ela, mas Bóris agiu calmamente como se soubesse que Carmilla não mostraria resistência quando Lilith fosse buscá-lo, como se já esperasse seu rosto indiferente enquanto era arrastado por aquela divindade caída para a morte.

Porém, longe dos olhos do garoto, ela se ajoelhou, enfiou a testa na terra, agarrou a barra do vestido daquela mulher de olhos verdes e cheiro de canela que por vezes servia de casca para Lilith. Carmilla lhe implorou para que a parte Lilin de Bóris fosse adormecida novamente.

A Mãe a olhou com nojo como fez na primeira vez em que ela implorou pela vida de alguém, contudo finalmente exilou aquela alma no corpo de Bóris em algum lugar dentro de sua mente.

Carmilla nunca mais conseguiu recuperar parte de seus poderes ou força.

O ruivo não sabia o motivo da fraqueza dela, é claro. Ele percebia e achava que era algo relacionado ao gosto refinado de Carmilla por sangue de jovens bonitas que por algum motivo poderiam ser difíceis de encontrar, e por alguns momentos quando a observava firmar o corpo naquela bengala, achava que ela era patética.

Naquele telhado, Carmilla estava mostrando os dentes brancos, as presas arranhando os lábios, enrugando a pele acima do nariz enquanto os cabelos que sempre estavam alinhados, se mantinham bagunçados ao redor de seu rosto.

A sua ira cobria a face branca.

 — Você está completamente fora de si! Não percebe que nem mesmo você sabe o por quê está fazendo isso? — Ela gritou. — Você fugiu querendo a liberdade, mas agora está perdido! 

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora