Capítulo 4O. A Psique de Bóris

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"Certo dia Humpty Dumptysobre um muro se sentou

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"Certo dia Humpty Dumpty
sobre um muro se sentou.
Mas deu azar e - tibumba! -
um belo tombo levou.
Nem todos os cavaleiros
do rei, com os seus cavalos,
puderam novamente colocar
Humpty Dumpty de volta em seu lugar."

Alice através do espelho - Lewis Carrow


Eu estava de pé sobre as lembranças de Bóris, sobre o começo de toda a sua vida enquanto seu corpo descansava em torpor debaixo de mim.

Pisei naquele chão de madeira enquanto o vento carregava a neve fora da janela e se juntava aos montes nas ruas.

A mulher estava deitada na cama enorme, os cabelos vermelhos como fogo vivo se espalhando pelos lençóis brancos, os fios vermelhos como fogo vivo lambiam os travesseiros e cobertas, eram tão longos que caíam sobre toda a extensão da cama e ainda conseguiam alcançar o chão. As feições brutas e bonitas demais para esse mundo terreno estavam se contraindo em dor e depois abria os lábios em um berro. O suor escorria e pingava de sua pele escura da testa até a ponta de seu nariz enquanto berrava mais uma vez e então o choro de uma criança explodiu no ambiente junto com as comemorações das mulheres no quarto.

Todos estavam felizes comemorando, mas a mãe se mantinha sem expressão. Ela parecia satisfeita por seu sofrimento ter acabado, mas não queria pegar a criança, empurrando os braços da empregada que queria dá-lo á ela. Com um sorriso amarelo, a mulher levou a criança para outro lado do quarto, e uma das empregadas limpou o suor da ruiva com um pano úmido enquanto fechava a expressão, levando as pupilas castanhas de soslaio para a criança chorosa.

- Tenho certeza de que o pai adoraria estar presente neste momento, minha senhora. Imagine o quão feliz ele ficará quando souber que os céus mandaram um homem, ainda mais tão parecido com a mãe? - A empregada falou para a mulher indiferente. - Uma pena que o imperador esteja viajando.

- É bom que ele não esteja. - Respondeu ruiva. - Dê ele para mim.

A empregada que segurava a criança envolta a panos azuis sorriu com a mudança de ideia da mulher, e assim que a mãe o pegou, dispensou as empregadas de dentro do quarto.

A criança procurou o seio da mãe, e ao tomá-lo para alimento, vazou no canto de sua boca o líquido que deveria ser leite, mas era vermelho escuro, espesso como sangue. O pequeno ser não se importou, estava saciando sua fome, fechando os olhos e engolindo seu sustento metálico, caindo logo em um sono harmonioso sobre os braços de sua mãe.

Havia sido assim por longos dez dias intermináveis depois do parto, e um dia antes do seu marido retornar de viagem, a ruiva colocou a criança delicadamente sobre o berço.

O pequenino curiosamente ainda não havia aberto os olhos, e ela levou os dedos as pálpebras daquele pequeno ser, levantando-a para olhar que ao invés do branco dos olhos, havia um forte vermelho rubi cobrindo o globo ocular da criança.

O Vampiro e o Romani - Livro O1  {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora